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FUNDAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL INDIANO E O COMEÇO DA OPOSIÇÃO QUE PEDIA PERMISSÃO

Em 1885, um grupo de advogados, professores e burocratas de elite — a maioria educada nas universidades britânicas — sentou-se em um salão em Bombaim para fundar aquilo que viria a se tornar o Congresso Nacional Indiano (CNI). O objetivo? Criar um canal “respeitável” de diálogo com o Império Britânico. Um grupo de súditos bem-comportados pedindo reformas ao rei que os saqueava.


Esse momento, muitas vezes celebrado como o “nascimento do nacionalismo indiano”, precisa ser olhado com mais cuidado. Porque o Congresso de 1885 não nasceu para derrubar o império — nasceu para reformá-lo de dentro, com educação inglesa, modos vitorianos e pedidos polidos de justiça.


O primeiro presidente do Congresso, Allan Octavian Hume, era um ex-funcionário britânico. Isso mesmo: um britânico fundou o principal partido de oposição indiano. Grande parte dos fundadores era composta por indianos da classe alta, treinados no direito britânico, que acreditavam que a “melhoria da Índia” viria com mais acesso à administração colonial — não com sua destruição.

Eles queriam igualdade dentro do império, não liberdade fora dele.

 

O nacionalismo de luvas brancas

Durante suas primeiras duas décadas, o Congresso funcionou como uma instituição quase decorativa, fazendo petições moderadas e protestos controlados, muitas vezes elogiando a "justiça" britânica. Suas sessões eram realizadas em inglês. Seus discursos elogiavam a rainha. E sua liderança não dialogava com camponeses, mulheres, trabalhadores ou as castas mais baixas. Era um clube de elite tentando convencer Londres a ser um pouco mais justa com os nativos — sem questionar a natureza da dominação.

 

As rachaduras da conciliação

Com o passar do tempo, o mundo real bateu à porta do Congresso. A repressão brutal aos protestos, os massacres e as fomes impuseram uma mudança de tom. Na virada do século XX, surgiram dentro do partido correntes mais radicais, como Bal Gangadhar Tilak, que afirmava: "A liberdade é meu direito de nascimento, e eu a conquistarei."


Mas a estrutura original do Congresso era profundamente marcada por submissão, e isso geraria, ao longo da história, constantes tensões entre moderados e revolucionários, entre acomodação e ruptura.

 

Um embrião contraditório

Não se pode negar que o Congresso viria a desempenhar papel central na luta pela independência, especialmente com a chegada de Mahatma Gandhi e seus movimentos de desobediência civil. Mas a fundação do partido, em 1885, não foi um ato de rebeldia, mas um pedido educado por inclusão. Foi uma tentativa de ser ouvido por um império surdo e racista, que jamais trataria os indianos como iguais.


O Congresso Nacional Indiano não nasceu gritando “Fora, Império!”, mas sussurrando “Por favor, nos ouça”. Foi necessário muito sangue, repressão e desilusão até que o grito por independência tomasse conta das ruas da Índia.

 
 
 

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