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A guerra dos EUA por trás das cortinas do 11 de setembro

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    Clandestino
  • há 6 dias
  • 4 min de leitura

Em uma investigação conduzida pelo Dr. Shivan Mahendrarajah, membro da Royal Historical Society e publicada no site The Cradle, são revelados detalhes contundentes sobre os planos articulados entre os Estados Unidos e Israel para deflagrar uma ofensiva coordenada no Oriente Médio.





Mahendrarajah revela em seu artigo que, poucas horas após os atentados de 11 de setembro de 2001 — enquanto a fumaça ainda subia das Torres Gêmeas em Nova York e o Pentágono contabilizava suas vítimas — decisões estratégicas já estavam sendo tomadas, simultaneamente, em Tel Aviv e Washington. Em Israel, o então primeiro-ministro Ariel Sharon convocou uma reunião de emergência com seu gabinete de Segurança Nacional. Diante da comoção global, Sharon enxergou uma oportunidade geopolítica: era o momento certo para pressionar os Estados Unidos a lançar uma guerra contra o Iraque de Saddam Hussein.


Em paralelo, no governo Bush, figuras influentes ligadas a Israel, como Paul Wolfowitz, aproveitaram o momento para colocar o Iraque como prioridade na resposta americana. Segundo o testemunho do ex-secretário de Estado Colin Powell à Comissão do 11 de Setembro, foi Wolfowitz — e não Donald Rumsfeld — quem defendeu com veemência que o Iraque era a verdadeira fonte do terrorismo e precisava ser combatido.

No mesmo dia dos ataques, mesmo com a autoria apontando para a Al-Qaeda no Afeganistão, a CIA já estava colocando em marcha um plano específico para o Iraque. George Tenet, então diretor da agência, criou o Grupo de Operações do Iraque (IOG), comandado pelos veteranos de ações encobertas Luis Rueda e John Maguire.


DB/ANABASIS: sabotagem antes da guerra

O plano secreto, batizado de DB/ANABASIS, começou a ser desenvolvido menos de 24 horas após os atentados, muito antes de qualquer discurso público ou aprovação do Congresso. Com aval formal do presidente George W. Bush em fevereiro de 2002 e um orçamento de US$ 400 milhões, DB/ANABASIS era um manual completo de desestabilização: operações psicológicas, assassinatos seletivos, sabotagem, apoio a levantes e disseminação de desinformação.

O objetivo inicial era fomentar o medo e a desconfiança dentro do próprio governo iraquiano, forçando Saddam Hussein a suspeitar de traição em suas fileiras e iniciar expurgos internos. Em abril de 2002, a CIA já operava no Curdistão iraquiano com o apoio de líderes locais como Masoud Barzani e Jalal Talabani.


Uma estratégia contínua: do Iraque ao Irã

Em janeiro de 2002, o presidente Bush anunciou seu célebre “Eixo do Mal”, incluindo Irã, Iraque e Coreia do Norte. O discurso, escrito pelo neoconservador David Frum, seguiu a lógica de documentos estratégicos como A Clean Break (1996), que havia sido elaborado para o governo israelense por figuras como Richard Perle, Doug Feith e David Wurmser.

O objetivo era claro: começar pelo Iraque, seguir para o Irã e depois atacar a Síria e o Hezbollah. A queda do Iraque em 2003 e a destruição da Síria deixaram o Irã como o alvo final. Agora, a mesma cartilha de DB/ANABASIS está sendo reutilizada — atualizada e redirecionada.


O ANABASIS iraniano: guerra psicológica e sabotagem

As estratégias aplicadas no Iraque estão sendo replicadas no Irã: sanções econômicas asfixiantes, assassinatos seletivos, ações de sabotagem e manipulação de protestos internos. Grupos de oposição como o Mujahedin-e-Khalq (MEK) — removido da lista de organizações terroristas dos EUA em 2012 — atuam a partir da Albânia em operações contra Teerã. Separatistas curdos e baluques também são cooptados para minar a coesão nacional.

O serviço de inteligência israelense, o Mossad, com frequência atua em parceria com a CIA em operações de assassinato, como a de Mohsen Fakhrizadeh, ou atentados em cidades iranianas como Teerã, Ahvaz, Chahbahar e Shiraz. Ataques recentes em Kerman seguem o mesmo padrão.

As manifestações após a morte de Mahsa Amini, inicialmente populares, foram rapidamente instrumentalizadas por forças externas — com militantes munidos de armas e coquetéis molotov, em contraste com protestos anteriores. Incêndios suspeitos em instalações estratégicas nas cidades de Bandar Abbas, Karaj e Mashhad são interpretados por analistas como parte da guerra psicológica em curso.


O objetivo: implosão interna

O impacto desses ataques vai além do dano físico. Eles promovem o colapso da confiança entre líderes, forças de segurança e a população. A lógica é clara: desgastar o tecido interno da sociedade iraniana, fomentar a desconfiança mútua e provocar um colapso político sem a necessidade de uma invasão convencional.

Durante a Guerra Fria, a KGB usava táticas semelhantes para induzir paranoia na CIA. Agora, a CIA aplica esses métodos no Irã, fazendo com que Teerã busque toupeiras dentro de suas próprias instituições, corroendo sua capacidade de reagir com coesão.


A vingança como política externa

Para muitos estrategistas americanos e israelenses, a política externa ainda é impulsionada pelo desejo de “acerto de contas”. Saddam Hussein era o alvo de Maguire; o Irã, hoje, representa para o establishment de segurança dos EUA uma ferida aberta desde a crise dos reféns em 1979 e pela resistência armada no Iraque e no Afeganistão, associada ao apoio iraniano.

No Pentágono, no Congresso e nos serviços de inteligência, há ressentimento contra o Irã — especialmente pelo uso dos explosivos EFP atribuídos ao país, que causaram centenas de baixas entre soldados americanos no Iraque.

Enquanto isso, dentro do governo Trump, figuras como Mike Waltz defendem uma linha-dura semelhante à de Israel, pressionando por uma mudança de regime. Como aponta a Foreign Policy, há uma disputa entre os que defendem um “America First” pragmático e os neoconservadores entrincheirados que, há décadas, pressionam por guerras no Oriente Médio.

Trump frequentemente denuncia o “Estado Profundo”, mas não reconhece que ele é menos um inimigo seu e mais um operador de interesses estruturais. Entre esses interesses, a destruição do Irã sempre esteve no topo da lista.

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