AIEA desmente EUA e Israel e afirma: não há indícios de que Irã busque armas nucleares
- Clandestino
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Diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, declarou nesta terça-feira (17) que não existem evidências de que o Irã esteja desenvolvendo um programa nuclear com fins militares. A afirmação, feita em entrevista à CNN, contradiz diretamente as alegações recorrentes de autoridades dos Estados Unidos e de Israel, que acusam Teerã de manter um projeto secreto para fabricar armas atômicas.
“Não tivemos nenhuma evidência de um esforço sistemático [do Irã] para avançar em direção a armas nucleares”, afirmou Grossi, reiterando que as conclusões da AIEA estão alinhadas com as de outras fontes independentes. A declaração vem em um momento de intensificação das tensões no Oriente Médio, após ataques israelenses contra alvos estratégicos no território iraniano.

As palavras do chefe da AIEA surgem após críticas ao mais recente relatório trimestral da agência, considerado por Teerã como “politicamente motivado”. Na semana passada, o Conselho de Governadores da AIEA aprovou uma resolução acusando o Irã de não cumprir plenamente suas obrigações nucleares, o que gerou protestos de autoridades iranianas.
Teerã, por sua vez, defende que seu programa nuclear permanece estritamente pacífico e que continua cumprindo seus compromissos dentro do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e do Acordo de Salvaguardas da AIEA. Autoridades iranianas alegam que as obrigações previstas no Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), firmado em 2015, perderam validade após a retirada unilateral dos EUA e o não cumprimento por parte dos países europeus signatários.
A entrevista com Grossi foi concedida em meio a novas ameaças dos Estados Unidos, cujo presidente, Donald Trump, voltou a repetir — sem apresentar provas — que o Irã estaria desenvolvendo armas nucleares. A retórica ganhou força após os ataques israelenses realizados na madrugada de 13 de junho, que atingiram a instalação nuclear de Natanz, em Isfahan, além de matar cientistas, militares e civis iranianos. A ofensiva foi amplamente condenada por diversos países e organizações internacionais.
Apesar dos danos, o chefe da Organização de Energia Atômica do Irã (AEOI), Mohammad Eslami, garantiu nesta quarta-feira que as instalações nucleares continuam operacionais. “O inimigo pode ter certeza de que não chegará a lugar nenhum por esta estrada”, declarou, reforçando que os ataques não conseguirão deter o programa nuclear pacífico do país.
Em resposta à agressão, o Irã lançou a operação “Promessa Verdadeira III”, considerada uma ação de legítima defesa. Segundo fontes militares iranianas, até o momento onze fases da operação foram executadas com êxito.
A declaração de Grossi reacende o debate sobre o uso político das alegações nucleares contra o Irã e expõe as divergências entre os discursos ocidentais e as avaliações técnicas dos órgãos internacionais competentes.