Sombra do Daesh retorna ao vazio criado pela ocupação no nordeste da Síria
- Clandestino
- 18 de abr.
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O Daesh, considerado derrotado há anos pelas potências ocidentais, volta a emergir como protagonista do caos no nordeste da Síria, aproveitando-se da instabilidade prolongada e da fragmentação do controle territorial.

Relatos recentes da mídia local, reforçados pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR), apontam um aumento alarmante na atividade de células remanescentes do Daesh nas províncias de Deir Ezzor e Hasakah — regiões de grande importância estratégica que permanecem, em parte, sob domínio das Forças Democráticas da Síria (SDF), aliança majoritariamente curda apoiada pelos Estados Unidos.
Desde o início de abril, ao menos 13 ataques atribuídos ao Daesh foram registrados, direcionados tanto a combatentes das SDF quanto à população civil. As ações — que incluem emboscadas e ofensivas relâmpago — demonstram um novo padrão operacional, adaptado ao cenário de insegurança e à ausência de uma autoridade central consolidada.
Ainda sem números oficiais definitivos, o saldo dos atentados é descrito como significativo, reacendendo o medo de uma nova escalada de violência em uma região já exaurida por guerras, intervenções estrangeiras e divisões étnico-religiosas.
A ofensiva do Daesh ocorre em meio ao agravamento da crise institucional síria. Com a queda do governo de Bashar al-Assad, resultado de anos de guerra e cercos internacionais, o país mergulhou num vácuo de poder que desestruturou completamente os mecanismos de segurança e governança. A ausência de um poder central permitiu que facções armadas e forças estrangeiras disputassem territórios em meio ao colapso político.

Nesse ambiente, grupos jihadistas como o Daesh encontraram espaço para se rearticular. As condições ideais para o ressurgimento foram forjadas tanto pela fragmentação interna quanto pela presença militar contínua de potências como os EUA, que, embora digam combater o terrorismo, mantêm tropas em regiões-chave, especialmente aquelas ricas em petróleo.
A população civil permanece no centro desse tabuleiro geopolítico, refém de um jogo de interesses em que a segurança, a soberania e a paz seguem sendo promessas distantes.