Fome, sede e abandono: ONU denuncia colapso humanitário em Gaza e cobra fim das restrições israelenses
- Clandestino
- 29 de abr.
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A situação humanitária na Faixa de Gaza atingiu níveis catastróficos, segundo alerta feito pelo porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, durante coletiva de imprensa na sede da organização. De acordo com ele, o cerco imposto por Israel continua a sufocar a população civil.
“As crianças estão passando fome, os pacientes permanecem sem tratamento e as pessoas estão morrendo”, afirmou Dujarric, num apelo urgente para que as restrições impostas sejam suspensas imediatamente.

Dados recentes revelam aumentos de até 1.400% nos preços de produtos básicos desde a interrupção do cessar-fogo. Alimentos como leite, ovos, frutas e carne desapareceram dos mercados locais. Somente em abril, os preços subiram 50% em comparação a março, conforme relatório do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). A escassez de recursos financeiros empurrou milhares de famílias para níveis alarmantes de insegurança alimentar.
Na quarta-feira, a coordenadora humanitária interina da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, Suzanna Tkalec, visitou Deir al Balah e Khan Younis. Durante a inspeção, constatou-se que a principal usina de dessalinização do sul opera com apenas 15% de sua capacidade devido aos cortes de energia impostos por Israel, limitando drasticamente o acesso à água potável.
A equipe também visitou campos de deslocamento superlotados e uma cozinha comunitária que oferece alimentação e capacitação para jovens, mulheres e pessoas com deficiência. A precariedade é generalizada. Há falta crítica de tendas, lonas e materiais essenciais para abrigar os deslocados. “Os armazéns estão quase vazios”, alertou Dujarric.
Apesar das dificuldades, agências da ONU seguem atuando com recursos limitados. O UNFPA distribuiu kits de saúde reprodutiva para mais de 6.900 pessoas e realizou sessões de apoio a mulheres vítimas de violência de gênero. Mais de 900 mulheres e meninas receberam kits de dignidade.
Sobre o ataque de 19 de março que resultou na morte de um funcionário da ONU e deixou outros cinco feridos, Dujarric afirmou que houve um inédito nível de cooperação por parte de Israel na investigação. Contudo, reiterou que é preciso garantir responsabilização, não apenas neste caso, mas em todos os episódios de violência contra trabalhadores humanitários e infraestruturas da ONU.
“Apelamos novamente a todas as partes para que respeitem o direito internacional humanitário, garantindo a proteção de civis e das missões humanitárias”, concluiu.
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