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Cortes de financiamento ameaçam milhões de mulheres e crianças no Afeganistão

Em uma clínica isolada no coração das montanhas afegãs, um grupo de adolescentes escuta atentamente orientações sobre saúde reprodutiva. Recebem pequenos kits de higiene menstrual como se fossem tesouros — e, para muitas, são mesmo. Algumas mulheres chegaram à unidade após horas de caminhada, algumas grávidas, outras carregando recém-nascidos nos braços. Todas buscam um atendimento que se tornou ainda mais incerto.


Essas cenas foram presenciadas por Andrew Saberton, vice-diretor executivo do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), durante uma visita de campo ao país. Sua missão: avaliar, de perto, os efeitos devastadores dos recentes cortes de financiamento anunciados por doadores internacionais — principalmente pelos Estados Unidos.


“Esses são impactos concretos de uma crise invisibilizada, fora do radar da mídia, mas que continua entre as mais graves do planeta”, afirmou Saberton, em coletiva de imprensa em Nova York. Durante a missão, ele passou por unidades apoiadas pela ONU em Cabul, Bamyan e regiões próximas à fronteira com o Paquistão.


Segundo ele, a suspensão de cerca de US$ 330 milhões em recursos ao UNFPA, sendo US$ 102 milhões diretamente destinados ao Afeganistão, ameaça interromper serviços cruciais como atendimento móvel, saúde materna e apoio psicossocial. Com um dos índices de mortalidade materna mais altos do mundo, o país agora corre o risco de ver esse cenário piorar drasticamente.



Samuel Sánchez. Centro de aprendizagem acelerada Koz Dawlatkhill, com turma de 35 meninas apoiada pelo UNICEF. Ahmad Aba, Paktia, Afeganistão. Arquivo.
Samuel Sánchez. Centro de aprendizagem acelerada Koz Dawlatkhill, com turma de 35 meninas apoiada pelo UNICEF. Ahmad Aba, Paktia, Afeganistão. Arquivo.

De acordo com estimativas do UNFPA, aproximadamente 6,9 milhões de mulheres e crianças podem ser atingidas pelos cortes. Das 900 clínicas atualmente mantidas com apoio da agência, apenas 400 poderão continuar operando caso novos recursos não sejam assegurados.


Apesar do quadro crítico, Saberton reforçou que a presença do UNFPA no Afeganistão continuará. “Não vamos sair. Continuaremos oferecendo cuidados que salvam vidas. Mas não podemos fazer isso sozinhos. Precisamos de apoio urgente para manter os serviços básicos funcionando e proteger a dignidade e a sobrevivência de milhões de afegãs”, declarou.


Num país onde o acesso à saúde já é limitado, especialmente sob o regime talibã, o futuro de muitas mulheres e meninas agora depende da solidariedade internacional — e da decisão política de não ignorar uma crise silenciosa.

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