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Não se pode falar de "futuro melhor" sem olhar para o sofrimento do presente

  • Foto do escritor: Zina Covesi
    Zina Covesi
  • 16 de jan.
  • 2 min de leitura


A fala de António Guterres, atual secretário da ONU, ao felicitar um possível cessar-fogo entre Israel e Palestina (15 de janeiro 2025) e ao apelar por uma "solução negociada de dois Estados", pode soar como um eco distante da realidade trágica que se desenrola em Gaza. Dizer que a “convivência pacífica” entre israelenses e palestinos é uma possibilidade viável neste momento, quando o sangue de civis palestinos ainda se mistura nos escombros das cidades destruídas, é um gesto de distorção da história e de silenciamento à dor das vítimas.

Romantizar a possibilidade de uma paz futura, enquanto Gaza ainda sangra e enquanto dezenas de milhares de vidas são ceifadas pela violência desmedida, é uma tentativa de enterrar a memória das vítimas – aquelas que, há sete palmos abaixo dos escombros, são invisíveis para aqueles que falam de "acordos" e "cessar-fogos" como se fossem algo que se pode negociar.

Não se pode falar de "futuro melhor" sem olhar para o sofrimento e as cicatrizes do presente.

As palavras de Guterres, embora bem-intencionadas, parecem se distanciar do sofrimento real que as famílias palestinas estão vivendo. A diplomacia internacional muitas vezes esquece que, antes de qualquer resolução, é preciso interromper o ciclo de violência e garantir a dignidade e o direito à vida de todas as pessoas afetadas.

Um cessar-fogo temporário pode ser importante para salvar vidas, mas ele não pode ser uma fachada para esconder brutalidade descabida.

A possível aproximação da paz começa quando se reconhece a dor e as perdas do que nunca foi guerra, sem tentar impor um “passaporte político” para um futuro onde a memória das vítimas seja apagada pela idealização da paz. E, para isso, é preciso mais do que boas intenções; é necessária ação firme para garantir que a justiça seja feita e que a violência não seja mais uma opção.

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