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O Papa contra o Império: “Nos EUA, há uma atitude reacionária muito forte e organizada” reconheceu Francisco

  • Foto do escritor: Clandestino
    Clandestino
  • 23 de abr.
  • 2 min de leitura

A frase dita por Francisco em setembro de 2019, durante uma entrevista a repórteres, resumia sua postura diante da oposição feroz vinda de setores conservadores da Igreja Católica nos Estados Unidos. Desde sua eleição em 2013, o primeiro papa latino-americano e jesuíta causou desconforto em uma instituição acostumada a décadas de papados conservadores.


A tensão se acentuou na ala norte-americana, onde bispos, padres e organizações como o Instituto Napa e a rede EWTN lideraram uma ofensiva contra o novo pontificado, financiada e promovida por leigos influentes. “Nos EUA, há uma atitude reacionária muito forte e organizada”, reconheceu Francisco.




Mesmo após sua morte, a resistência persistia. Na revista First Things, o artigo do dia não foi um obituário, mas uma crítica assinada por Charles Chaput, ex-arcebispo da Filadélfia, que o descreveu como temperamental e autocrático. Chaput foi substituído por um sucessor liberal assim que completou 75 anos. Outros opositores de alto escalão foram afastados ou excomungados.


Francisco rejeitou os luxos e a pompa do cargo. Morou na residência Santa Marta, não no Palácio Apostólico. Sua exortação apostólica Evangelii gaudium foi um chamado à simplicidade e à justiça social. Para muitos nos EUA, soou como marxismo. Rush Limbaugh, ícone do conservadorismo, chamou suas palavras de "marxismo puro".


A liderança católica nos EUA — majoritariamente branca, europeia e de classe alta — não se identificava com sua crítica ao consumismo nem com sua defesa dos pobres. Em 2015, antes de visitar os EUA e Cuba, Francisco afirmou que “o dinheiro é o esterco do diabo”, o que gerou reações duras de conservadores, como o economista Stephen Moore, que o classificou como “um papa com inclinações marxistas”.


Quando Donald Trump propôs a construção de um muro com o México, Francisco defendeu pontes e criticou a deportação de imigrantes. Chegou a dizer que quem pensa apenas em erguer muros “não é cristão”. Trump rebateu, Burke apoiou.


Raymond Leo Burke se tornou símbolo da oposição interna. Aliado de Steve Bannon e defensor da limitação da imigração muçulmana, ele rejeitou o diálogo inter-religioso promovido por Francisco. Ao lado de outros ultraconservadores, acusou o papa de incentivar a “agenda homossexual”, vinculando-a — de forma controversa — à crise de abusos sexuais.


A figura do papa também foi atacada pelo ex-núncio apostólico Carlo Maria Viganò, que o acusou de acobertar abusos e pediu sua renúncia. Por fim, Viganò seria excomungado por cisma.


Francisco, no entanto, seguiu com sua visão de uma Igreja acolhedora, sinodal e voltada aos pobres. Rejeitado por uma elite clerical, foi abraçado por comunidades que viram nele o rosto humano de uma fé que resiste — mesmo entre muros e cismas.

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