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ONU alerta para crise humanitária na Síria e pede apoio internacional

  • Foto do escritor: Clandestino
    Clandestino
  • 19 de mar.
  • 3 min de leitura

Em uma mensagem de vídeo para a conferência "Apoiando a Síria: Atendendo às Necessidades para uma Transição Bem-Sucedida", realizada em Bruxelas e organizada pela União Europeia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou a gravidade da situação no país.


"Este é um momento decisivo", afirmou Guterres, ressaltando que o futuro da Síria depende do acesso a alimentos, abrigo, assistência médica e meios de subsistência sustentáveis.


Atualmente, mais de dois terços da população síria necessitam de ajuda humanitária, mas a resposta coordenada pela ONU enfrenta um grave déficit financeiro. Dos US$ 1,25 bilhão necessários para atender às necessidades básicas da população, apenas 12,5% foram arrecadados, afetando setores essenciais como abrigo, saneamento, agricultura e nutrição.



© UNICEF I Hanna Asmar I Muitas crianças não puderam frequentar a escola na Síria devido ao conflito.
© UNICEF I Hanna Asmar I Muitas crianças não puderam frequentar a escola na Síria devido ao conflito.


Apelo por financiamento

O secretário-geral pediu que os países doadores reconsiderem cortes nos repasses e ampliem o suporte humanitário, além de investirem na recuperação da Síria. Ele destacou que é essencial abordar restrições, como sanções, para permitir uma transição política estável e inclusiva.


"Precisamos agir juntos para apoiar o povo sírio em sua caminhada rumo a um futuro mais próspero e pacífico", enfatizou Guterres.


O coordenador de ajuda emergencial da ONU, Tom Fletcher, reforçou o alerta sobre o impacto da crise de financiamento nas operações humanitárias. "O povo sírio não precisa de meros observadores de sua dor – eles precisam de ações urgentes", declarou.


Apesar das dificuldades, a ONU conseguiu ampliar sua atuação no país. Mais comboios de ajuda entraram na Síria pela Turquia nos primeiros meses de 2025 do que em todo o ano anterior, permitindo o envio de suprimentos para áreas antes inacessíveis, como Idlib, Latakia e Aleppo. No entanto, a continuidade desses esforços está ameaçada pelo corte de recursos, colocando em risco serviços essenciais.


"A Síria espera que enfrentemos esse momento com determinação, generosidade e solidariedade. O preço da inação será muito maior para todos nós", alertou Fletcher.


O Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, apontou uma nova tendência: o retorno de sírios deslocados. Desde a queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro de 2024, mais de um milhão de pessoas voltaram ao país, incluindo 350 mil que estavam refugiadas em nações vizinhas. Estudos indicam que até 3,5 milhões podem retornar nos próximos meses.


No entanto, Grandi advertiu que, sem suporte adequado, esses retornos podem ser insustentáveis. "Se não conseguirmos ajudá-los a reconstruir suas vidas na Síria, o impacto será desastroso", afirmou, alertando que muitos podem ser forçados a deixar o país novamente.


Crise no sistema de saúde e impacto sobre mulheres e crianças

A situação humanitária na Síria é ainda mais crítica para mulheres e meninas, conforme destacou Shoko Arakaki, diretora humanitária do Fundo de População da ONU (UNFPA). Após uma missão no país, ela relatou que 40% dos hospitais foram destruídos ou danificados pela guerra, e cortes de financiamento levaram ao fechamento de mais de 100 unidades de saúde no noroeste sírio.


Arakaki alertou que a violência de gênero se tornou "normalizada" após anos de conflito. A escassez de recursos ameaça serviços essenciais de proteção, incluindo espaços seguros para mulheres. "As mulheres e os jovens da Síria ainda precisam de nosso apoio", enfatizou, pedindo mais investimentos em saúde, proteção, educação e geração de renda.


Apesar do cenário preocupante, Arakaki ressaltou um sentimento de esperança entre os sírios. Durante sua visita, encontrou mulheres que, apesar das dificuldades, continuam oferecendo serviços essenciais de saúde, apoio a sobreviventes de violência e treinamentos profissionais.


"A esperança está no povo sírio, que enfrenta adversidades extremas, mas continua ajudando uns aos outros", concluiu.

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