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A exploração corporativa mantém a República Democrática do Congo algemada ao colonialismo

A República Democrática do Congo (RDC) continua mergulhada em um ciclo incessante de violência, saque de recursos naturais e disputas geopolíticas, mais de seis décadas após a sua independência. O recrudescimento do grupo rebelde M23, que voltou a atuar com força em 2025, é um lembrete sombrio das cicatrizes deixadas pelo colonialismo e de como grandes corporações globais perpetuam a exploração.

Com base em acusações do governo congolês e relatórios da ONU, o M23 teria recebido apoio militar e financeiro de Ruanda, algo sistematicamente negado por Kigali. A nova onda de confrontos já deixou mais de 1,5 milhão de deslocados, enquanto grupos armados competem pelo controle das ricas jazidas de minerais estratégicos, como cobalto e coltan, essenciais para a indústria tecnológica global.


Foto ilustrativa de mineração ©PINTEREST
Foto ilustrativa de mineração ©PINTEREST

Ecos Coloniais no Século 21

Para entender o atual conflito, é necessário retornar à Conferência de Berlim (1884-1885), quando potências europeias traçaram arbitrariamente fronteiras na África, desconsiderando as realidades locais. Durante o domínio do rei belga Leopoldo II, o Congo tornou-se um palco de abusos brutais em nome da extração de borracha e marfim. Estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas morreram durante esse período.

Hoje, a lógica colonial persiste sob novas formas. Empresas multinacionais competem pelo controle dos minerais da RDC, estimados em cerca de US$ 24 trilhões, enquanto deixam um rastro de destruição. Como afirmou um mineiro congolês: "O mundo rico quer seus carros elétricos e smartphones, mas morremos cavando os materiais para fabricá-los."


O Papel das Corporações Multinacionais

Gigantes da tecnologia, como Apple e Tesla, continuam a lucrar com o cobalto extraído em condições precárias, muitas vezes com trabalho infantil e sob controle de grupos armados, segundo a Anistia Internacional. Apesar de promessas de fornecimento ético, uma investigação de 2022 revelou que grandes empresas ainda compram minerais de fornecedores ligados a conflitos armados.

O ouro, o estanho e o tungstênio também são contrabandeados para países vizinhos, como Ruanda, onde ganham o status de "livres de conflito". Esse comércio clandestino alimenta diretamente os cofres de grupos como o M23, que se fortalecem diante da ausência de fiscalização internacional.


Ellon Musk, proprietário da Tesla
Ellon Musk, proprietário da Tesla


Uma Nação Sangrando

Enquanto o mundo celebra avanços tecnológicos impulsionados por minerais extraídos no Congo, a população local paga um preço altíssimo. Deslocamentos forçados, violações de direitos humanos e destruição ambiental são parte de um cenário trágico ignorado pelas grandes potências.

A RDC, rica em recursos, continua sendo saqueada por interesses externos, em um ciclo que começou com os chicotes coloniais de Leopoldo II e persiste, agora impulsionado pela ganância corporativa.

O caminho para a paz e a justiça passa por uma união africana contra os interesses exploratórios e por uma gestão soberana dos recursos naturais do país.

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