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60 estupros por dia: Milhares de congoleses fogem para salvar os corpos violados de suas mulheres e crianças

A carnificina no leste da República Democrática do Congo (RDC) atinge novos patamares de horror, com estupros em massa e violações sistemáticas de direitos humanos sendo a rotina imposta pelos grupos armados que operam sob o olhar conveniente da comunidade internacional. A ONU, por meio da sua Agência para Refugiados (ACNUR), alerta que o êxodo em massa continua sem sinais de que a sangria humana seja estancada.


Dentro do complexo do Hospital Panzi há uma unidade de educação, treinamento, recuperação e tratamento psicológico pós-trauma estendidos para vítimas de estupro. RDCongo
Dentro do complexo do Hospital Panzi há uma unidade de educação, treinamento, recuperação e tratamento psicológico pós-trauma estendidos para vítimas de estupro. RDCongo

Estupro como arma de guerra: 60 mulheres violentadas por dia

Nas linhas de frente do conflito, a brutalidade não tem freios. Segundo Patrick Eba, vice-diretor da Divisão de Proteção Internacional do ACNUR, nos últimos 15 dias de fevereiro, 895 casos de estupro foram relatados a trabalhadores humanitários — uma média de mais de 60 por dia. Isso sem contar as mulheres que sequer conseguem denunciar, pois já foram brutalmente assassinadas ou seguem presas em campos de tortura disfarçados de vilarejos.

Em Kivu do Norte e Kivu do Sul, epicentros dessa barbárie, a vida virou uma corrida desesperada para escapar dos massacres. Eba confirmou que cerca de 80.000 pessoas fugiram dos ataques armados entre as Forças Armadas da RDC e os rebeldes do M23, um grupo militar financiado e armado por Ruanda, que se aproveita do caos para manter seu próprio projeto de saques e violações.



Crianças dilaceradas e hospitais invadidos

Como se a barbárie não bastasse, resíduos explosivos de guerra estão mutilando crianças e agricultores que apenas tentam sobreviver. Enquanto isso, na capital de Kivu do Norte, Goma, homens armados atacaram hospitais, sequestrando dezenas de pacientes. Segundo a ONU, os combates têm impedido até mesmo a chegada de ajuda humanitária, forçando o Programa Mundial de Alimentos (PMA) a interromper suas operações temporariamente.

A situação interna também se agrava com o M23 obrigando deslocados internos a abandonarem campos de refugiados e retornarem às vilas devastadas. Atualmente, apenas 17.000 deslocados ainda permanecem em igrejas e escolas ao redor de Goma, enquanto 414.000 foram forçados a continuar vagando sem destino. O ACNUR alerta que, diante da insegurança crescente, milhares ainda tentarão atravessar as fronteiras em busca de uma segurança ilusória.

O médico-chefe do centro é o Dr. Désiré Alumeti, cirurgião pediátrico do Hospital Panzi. RDCongo
O médico-chefe do centro é o Dr. Désiré Alumeti, cirurgião pediátrico do Hospital Panzi. RDCongo

Vergonha global: o financiamento da miséria

Diante desse cenário apocalíptico, os Estados Unidos congelaram o financiamento humanitário para a região, apenas para depois conceder uma "isenção" e fingir preocupação. O ACNUR lamenta que a assistência internacional já fosse insuficiente muito antes dessa decisão covarde. Enquanto as grandes potências disputam narrativas, o povo congolês segue tombando, vítima de um sistema que lucra com seu sofrimento.

O mundo assiste ao genocídio em câmera lenta, enquanto o silêncio global transforma cada morte em um mero número. Afinal, qual o valor de uma vida congolesa? Se depender das nações ricas, menos que um chip de celular produzido com o sangue das suas crianças.



Platon e The People's Portfolio I Um pedaço de coltan em forma de rocha - os mineiros precisam cavar, carregar pedras e quebrá-las para acessar os minerais. RDCongo
Platon e The People's Portfolio I Um pedaço de coltan em forma de rocha - os mineiros precisam cavar, carregar pedras e quebrá-las para acessar os minerais. RDCongo

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