Polícia Federal indicia ex-diretores da PRF e ANTT por interferência nas eleições de 2022
- Clandestino
- 24 de jan.
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A Polícia Federal (PF) indiciou quatro ex-diretores da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e um ex-coordenador da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) por utilizarem suas posições para influenciar o resultado das eleições de 2022 em favor do então presidente Jair Bolsonaro. A investigação aponta que operações realizadas pela PRF no segundo turno eleitoral, em 30 de outubro, foram direcionadas para dificultar o acesso de eleitores às urnas, especialmente no Nordeste, onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu ampla maioria dos votos no primeiro turno.

Os indiciados enfrentam acusações de desobediência, prevaricação, restrição ao direito de voto e tentativa de abolir o Estado democrático de Direito.
A investigação, encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro de 2024, foi divulgada pela PF apenas na última quarta-feira (22). As apurações confirmaram que o efetivo da PRF foi reforçado no Nordeste, região que representa 17,6% da frota nacional de veículos, mas concentrou 31,6% das blitze realizadas no dia da eleição.
A investigação aponta que as ações foram coordenadas por Silvinei Vasques, então diretor-geral da PRF, com o aval do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Vasques foi preso em agosto de 2023, na Operação Constituição Cidadã, após a PF identificar reuniões e e-mails que detalhavam as operações nas estradas. As fiscalizações focaram em cidades onde Lula obteve mais de 75% dos votos no primeiro turno, indicando uma tentativa de prejudicar sua base eleitoral.
A PRF abriu processos administrativos contra os quatro ex-diretores indiciados, enquanto a ANTT afirmou estar colaborando com as autoridades. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), onde Bruno Nonato trabalha atualmente, aguarda orientações para tomar medidas cabíveis.
Políticos como os deputados federais Rogério Correia (PT-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ) destacaram a gravidade do caso. Correia lembrou que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de Janeiro já havia apontado o direcionamento das ações da PRF, enquanto Lindbergh afirmou em suas redes sociais: "Sem anistia!".
As ações investigadas pela PF ocorreram em um ambiente de polarização política e crescente tensão institucional. Os dados e evidências apresentados reforçam as críticas de que a estrutura pública foi utilizada para minar o processo democrático, levantando novos desafios para o fortalecimento das instituições no Brasil.
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