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De Aliados a Traidores: Como a Síria se Alinha com Israel sob o Olhar de Washington e Riad

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    Clandestino
  • há 5 dias
  • 3 min de leitura

Em uma reunião inédita realizada em 14 de maio na cidade de Riad, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instou o presidente interino da Síria, Ahmad al-Sharaa, a normalizar os laços com Israel por meio da adesão aos Acordos de Abraão. Este foi o primeiro encontro entre líderes dos EUA e da Síria desde o início do conflito lançado por Washington e Tel Aviv há 14 anos contra o governo do ex-presidente Bashar al-Assad.



Bandar Al-Jaloud I AFP. O presidente interino al-Sharaa reunido com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman na presença de Donald Trump. Riad, Arábia Saudita, 2025.
Bandar Al-Jaloud I AFP. O presidente interino al-Sharaa reunido com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman na presença de Donald Trump. Riad, Arábia Saudita, 2025.


O encontro aconteceu a portas fechadas e contou com a participação do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman (MbS), além do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que participou virtualmente. A reunião ocorreu um dia após Trump anunciar a suspensão de todas as sanções estadunidenses contra a Síria, classificando a medida como uma oportunidade estratégica para integrar Damasco em uma agenda regional de paz e cooperação.


“Boa sorte, Síria – mostrem algo especial”, declarou Trump em um discurso após a reunião, destacando que a entrada da Síria nos Acordos de Abraão representaria “um passo histórico rumo à paz e reintegração na região”, oferecendo à nova liderança síria “um recomeço”.


Desde 2011, os EUA impuseram duras sanções econômicas contra a Síria, parte de uma operação da CIA para derrubar o regime de Assad, inimigo histórico de Israel. Essas medidas aprofundaram a crise humanitária, especialmente após o endurecimento das sanções com a aprovação da Lei César em 2019, agravando a pobreza no país.


Ahmad al-Sharaa, autoproclamado presidente e ex-líder ligado à Al-Qaeda na Síria, recebeu apoio dos EUA, Israel e aliados regionais, apesar de sua designação anterior como terrorista. Ele assumiu o controle em dezembro do ano passado, após sua facção extremista, a Hayat Tahrir al-Sham (HTS), lançar uma ofensiva para derrubar o governo Assad, partindo do reduto na província de Idlib.


Durante a reunião, Trump também pressionou Sharaa a expulsar grupos palestinos de resistência que atuam no território sírio, como a Jihad Islâmica e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP). A Síria tem sido um refúgio para movimentos e partidos políticos palestinos desde a Nakba de 1948, quando milhares de palestinos foram expulsos de suas terras por forças israelenses.


A Casa Branca confirmou que a normalização com Israel foi o principal tema das conversas. O ministro das Relações Exteriores sírio, Asaad al-Shaibani, classificou a suspensão das sanções como um “avanço histórico para a paz” e declarou que “é hora da Síria sair do isolamento”.


Trump anunciou que o secretário de Estado, Marco Rubio, se reunirá com Shaibani na próxima semana para avançar nas negociações. O jornal The Times de Londres revelou que Sharaa pode aceitar os Acordos de Abraão em troca da criação de uma zona desmilitarizada no sul da Síria — uma antiga reivindicação israelense que implicaria o reconhecimento tácito da ocupação israelense das Colinas de Golã, conquistadas em 1967 e ampliada após o colapso do exército sírio no final de 2024.


Declarações recentes do governo sírio sugerem que já há um diálogo preliminar com Israel, e que a normalização é vista como um caminho para recuperar a legitimidade internacional.


Trump segue agora para uma turnê pela Ásia Ocidental, com visitas programadas ao Catar e aos Emirados Árabes Unidos ainda nesta semana.

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