Quem é o clã Dughmosh, grupo suspeito de envolvimento no assassinato do jornalista Saleh Al-Jaafrawi
- www.jornalclandestino.org

- 13 de out.
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O jornalista e repórter de mídia social palestino Saleh Al-Jaafrawi foi encontrado morto neste domingo (12) na Cidade de Gaza, supostamente alvejado por membros do clã Dughmosh logo após registrar cenas de destruição no bairro de Sabra, área que havia sido recentemente evacuada pelas forças israelenses. Segundo relatos locais, Al-Jaafrawi teria sido morto por grupos de colaboradores armados apoiados por Israel, embora as circunstâncias de sua morte ainda não tenham sido confirmadas.

O jornalista e repórter de mídia social palestino Saleh Al-Jaafrawi foi encontrado morto neste domingo (12) na Cidade de Gaza, supostamente alvejado por membros do clã Dughmosh logo após registrar cenas de destruição no bairro de Sabra, área que havia sido recentemente evacuada pelas forças israelenses. Segundo relatos locais, Al-Jaafrawi teria sido morto por grupos de colaboradores armados apoiados por Israel, embora as circunstâncias de sua morte ainda não tenham sido confirmadas.
Quem é o clã Dughmosh?
O clã Dughmosh é uma das famílias mais influentes e armadas da Faixa de Gaza, com um histórico de envolvimento em atividades militantes, disputas internas com o Hamas e relações ambíguas com autoridades israelenses. O grupo é conhecido por ter fundado o Jaysh al-Islam (Exército do Islã), uma organização jihadista salafista criada em 2006. A facção ganhou notoriedade internacional em 2007, quando sequestrou o jornalista britânico Alan Johnston. O clã também esteve envolvido em extorsões, contrabando e assassinatos de rivais, o que lhe rendeu o apelido de “Os Sopranos de Gaza”.
Os confrontos com o Hamas são recorrentes. Em 2008, uma operação das forças do movimento islâmico no bairro de Sabra matou dez membros do clã, incluindo o irmão de Mumtaz Dughmosh, líder do Jaysh al-Islam. Em março de 2024, outro líder, Saleh Dughmosh, foi morto por forças do Hamas, que o acusaram de roubo de ajuda humanitária e colaboração com Israel — acusações negadas pela família.
Em junho de 2025, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu reconheceu ter armado clãs em Gaza que se opunham ao Hamas, entre eles o Dughmosh, apesar das denúncias de que membros desses grupos estariam envolvidos em saques de ajuda humanitária e relações com grupos jihadistas.
Nos últimos anos, o clã sofreu fortes perdas em ataques israelenses. Em novembro de 2023, um bombardeio matou 44 membros da família durante um ataque a uma mesquita em Sabra. Um mês depois, outras ofensivas deixaram mais de 100 mortos entre seus integrantes.
Hamas mobiliza combatentes diante do risco de violência interna
Nos últimos dias, o Hamas convocou cerca de 7 mil combatentes de suas forças de segurança para reforçar o controle sobre áreas recentemente desocupadas por tropas israelenses. Segundo fontes locais, a ordem teria sido transmitida por telefonemas e mensagens de texto, instruindo os membros a “limpar Gaza de bandidos e colaboradores de Israel” e a se apresentarem em até 24 horas. Relatos apontam que unidades armadas já foram implantadas em vários distritos de Gaza, algumas disfarçadas com roupas civis, outras vestindo o uniforme azul da polícia local. O escritório de mídia do Hamas, porém, nega estar enviando combatentes às ruas.

A escalada ocorre após dois membros das forças de elite do Hamas serem mortos a tiros por homens do clã Dughmosh em Sabra. Um dos mortos era filho de Imad Aqel, comandante sênior do braço armado do Hamas e atual chefe de inteligência militar do grupo. Os corpos deixados nas ruas inflamaram a raiva popular e desencadearam uma resposta armada imediata: militantes do Hamas cercaram cerca de 300 membros armados do clã, fortemente equipados com metralhadoras e explosivos improvisados. De acordo com fontes locais, um membro do clã Dughmosh foi morto e outros 30 foram sequestrados na manhã seguinte. Parte das armas do clã teria sido saqueada de depósitos do Hamas durante a guerra, enquanto outras estão em posse da família há anos.
Observadores em Gaza temem que o território mergulhe em uma nova rodada de violência interna. Segundo um ex-oficial da Autoridade Palestina ouvido pela BBC, “Gaza está inundada de armas, frustração e caos — uma receita perfeita para a guerra civil.”
Especialistas alertam que o Hamas tenta reafirmar seu domínio em meio à incerteza sobre quem governará Gaza após o cessar-fogo e diante da pressão internacional por um novo arranjo político. O grupo nega ter perdido o controle, mas seu futuro permanece instável.
Embora as investigações sobre o assassinato de Saleh Al-Jaafrawi ainda estejam em andamento, suspeitas locais continuam a relacionar membros do clã ao caso — em meio a um cenário de caos, rivalidades armadas e colaborações controversas na Faixa de Gaza.


























































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