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Ruanda negocia com governo Trump para receber imigrantes deportados dos EUA

O governo de Ruanda confirmou no domingo, 4 de maio, que está em diálogo com autoridades estadunidenses sobre um possível acordo para receber imigrantes deportados dos Estados Unidos. A informação foi dada pelo ministro das Relações Exteriores de Ruanda, Olivier Nduhungirehe, em entrevista à emissora estatal Rwanda TV.


Segundo o chanceler, as negociações com a administração Trump ainda estão em estágio preliminar. "Ainda não chegamos a um ponto onde possamos definir os próximos passos, mas as conversas estão em andamento", afirmou Nduhungirehe, conforme reportado pela agência Reuters.


O anúncio surge em meio a um esforço do governo dos EUA para encontrar países que aceitem imigrantes com antecedentes criminais ou considerados indesejados no país. Recentemente, um cidadão iraquiano suspeito de envolvimento com o Estado Islâmico foi deportado para Ruanda, segundo a mesma fonte.


A política migratória da administração Trump tem sido marcada por medidas extremas. O presidente prometeu implementar a "maior operação de deportação da história dos Estados Unidos", tendo já enviado centenas de venezuelanos e salvadorenhos para centros de detenção, incluindo uma prisão em El Salvador, por supostos vínculos com organizações criminosas.


Para sustentar essa ofensiva, Trump invocou a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 — um dispositivo legal com poderes de exceção, que autoriza a deportação de estrangeiros sem o devido processo judicial, em contextos de guerra ou ameaça.


Imigrantes legais e ativistas estudantis também passaram a ser alvo da repressão, gerando uma série de contestações judiciais nos tribunais federais dos EUA. Reportagens da CNN apontam que o governo estuda enviar deportados também para a Líbia, além de Ruanda.


Nos últimos anos, Kigali tem buscado se posicionar como parceiro de países ocidentais na recepção de migrantes rejeitados. Em 2022, Paul Kagame, presidente de Ruanda firmou um acordo com o Reino Unido para receber milhares de solicitantes de asilo. No entanto, o plano foi suspenso por decisões judiciais britânicas e europeias que apontaram riscos a direitos humanos.


Paul Kamaga, presidente de Ruando
Paul Kamaga, presidente de Ruando

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) alertou para o perigo de que alguns migrantes enviados a Ruanda pudessem ser devolvidos aos países dos quais fugiram. O governo ruandês negou as acusações.


Com a mudança de governo no Reino Unido em 2024, o primeiro-ministro Keir Starmer cancelou definitivamente o acordo. A nova secretária do Interior, Yvette Cooper, revelou que o projeto custou £700 milhões aos cofres britânicos, embora apenas quatro pessoas tenham sido transferidas para Ruanda — e todas de forma voluntária.

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