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O cerco econômico dos EUA para desarmar o Hezbollah

Atualizado: 4 de mai.

Em uma nova frente de guerra sem tanques ou mísseis, os Estados Unidos intensificam uma campanha implacável de estrangulamento financeiro e institucional contra o Hezbollah, com o objetivo de enfraquecer a resistência libanesa por meios econômicos. A operação, embora silenciosa, é devastadora: portos, aeroportos, fronteiras e bancos tornaram-se trincheiras de uma ofensiva que visa paralisar a infraestrutura de apoio ao grupo e remodelar o tabuleiro político do Líbano no pós-guerra.



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Sob o pretexto de “lutar contra o terrorismo”, Washington aplica sua cartilha clássica de mudança de regime — sanções, bloqueios e infiltração institucional — agora turbinada pelo colapso sírio e pelo crescente controle estadunidense sobre os aparatos do Estado libanês. A meta é clara: impedir que o Hezbollah participe da reconstrução do país e corroer sua legitimidade entre os setores populares.


A ofensiva se estende aos aeroportos, onde o governo libanês, pressionado por Tel Aviv e Washington, passou a restringir voos diretos entre Beirute e Teerã — principal elo logístico entre o Hezbollah e seu financiador, o Irã. A medida visa asfixiar a entrada de divisas em espécie. A vigilância aumentou, e passageiros provenientes da Turquia, Emirados Árabes, Iraque e África são alvo de inspeções abusivas, especialmente os que viajam com pouca bagagem — suspeitos de serem mensageiros financeiros.


No Porto de Beirute, protocolos de segurança foram reformulados e funcionários com vínculos políticos ou religiosos indesejados foram removidos. Na fronteira com a Síria, o cerco é militar: forças sírias, supostamente sob coordenação com os EUA e Israel, operam para fechar rotas terrestres usadas pelo Hezbollah para transferir fundos e armamentos.


Nas entranhas do sistema bancário libanês, o controle é ainda mais profundo. Com a recente nomeação de Karim Saeed ao Banco Central — figura alinhada aos interesses norte-americanos — contas são congeladas, transferências rotineiras são barradas e libaneses comuns, sobretudo xiitas, veem-se presos num sistema bancário que funciona como extensão da vigilância externa. Casas de câmbio enfrentam multas arbitrárias e até o uso de criptomoedas passou a ser monitorado, com foco nos pontos de conversão fiduciária.


A guerra também atingiu a Al-Qard al-Hassan, cooperativa financeira ligada ao Hezbollah e símbolo de sua força social. Bombardeios israelenses destruíram agências da instituição durante o conflito, mas agora o ataque é jurídico e institucional: Washington pressiona para que a cooperativa seja encerrada. Sua natureza solidária, que rompe com a lógica do sistema bancário capitalista, tornou-se ameaça à hegemonia financeira ocidental.


Mesmo diante do cerco, o Hezbollah arrecadou cerca de US$ 1 bilhão em ajuda desde o cessar-fogo parcial ocorrido há cinco meses. Parte desses recursos vem sendo usada para apoiar civis deslocados e iniciar obras de reconstrução no sul do país, no Vale do Bekaa e nos subúrbios do sul de Beirute — uma resposta direta à tentativa de isolamento promovida por EUA e Israel.


Às vésperas das próximas eleições parlamentares, Washington aposta que o cerco econômico minará o apoio popular ao Hezbollah e deslocará o equilíbrio político para facções mais favoráveis a seus interesses. Mas o que se apresenta como diplomacia econômica, na prática, é uma guerra híbrida de desgaste — onde a fome e o empobrecimento se tornaram armas tão letais quanto bombas.

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