Cortes em ajuda humanitária colocam 14 milhões de pessoas em risco de fome extrema no mundo
- www.jornalclandestino.org

- 15 de out.
- 2 min de leitura
Quase 14 milhões de pessoas estão em risco de fome extrema até dezembro de 2025, alertou o Programa Mundial de Alimentos (PAM), em meio a cortes significativos no financiamento de seis de suas operações mais críticas. Entre os países afetados estão Afeganistão, República Democrática do Congo (RDC), Haiti, Somália, Sudão do Sul e Sudão, onde a assistência alimentar já sofre interrupções que devem se intensificar nos próximos meses.
Segundo Cindy McCain, diretora executiva do PAM, cada corte de ração tem consequências imediatas:
“Uma criança vai para a cama com fome, uma mãe pula uma refeição ou uma família perde o apoio de que precisa para sobreviver”.

A agência estima que o orçamento deste ano será 40% menor, com US$ 6,4 bilhões disponíveis, comparado aos US$ 10 bilhões em 2024, ameaçando reverter décadas de avanços no combate à fome.
A crise global se agrava em um cenário de fome recorde: atualmente, 319 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar aguda, incluindo 44 milhões em nível de emergência. A situação é particularmente grave no Sudão e na Faixa de Gaza, onde os índices de desnutrição e escassez de alimentos continuam a subir.
O PAM alerta que os cortes podem elevar para 13,7 milhões o número de pessoas que passam de níveis críticos para emergenciais de fome. No Afeganistão, a assistência alimentar cobre menos de 10% dos necessitados, mesmo com taxas de desnutrição crescentes. Na RDC, 28 milhões de pessoas – aproximadamente um quarto da população – sofrem insegurança alimentar, com planos de atendimento reduzidos de 2,3 milhões para apenas 600 mil pessoas.
No Haiti, programas de refeições quentes já foram interrompidos, e famílias recebem metade das rações mensais habituais. Na Somália, o número de beneficiários caiu de 2,2 milhões no ano passado para 350 mil previstos para novembro. No Sudão do Sul, todas as rações distribuídas foram reduzidas, e a escassez de itens alimentares deve se intensificar a partir de outubro. No Sudão, quatro milhões de pessoas recebem ajuda mensalmente, mas 25 milhões – metade da população – enfrentam insegurança alimentar aguda.

Os cortes afetam também os esforços de preparação do PAM. Pela primeira vez em quase uma década, não há estoques de contingência para a temporada de furacões no Haiti, nem pré-posicionamento de alimentos no Afeganistão antes do inverno. Apesar disso, a agência mantém o compromisso de fornecer assistência alimentar onde a necessidade é mais urgente.
“Os cortes na assistência alimentar não apenas ameaçam vidas, mas podem desestabilizar sociedades, gerar deslocamentos e provocar crises sociais e econômicas mais amplas”, afirmou McCain.
Para a agência, a entrega rápida e eficaz de alimentos é essencial para conter o caos em países que já enfrentam múltiplas crises humanitárias.


























































Comentários