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A Misoginia como Doença Social: A Urgência de uma Cura Radical

Atualizado: 4 de out.

A violência contra a mulher exige um diagnóstico mais severo. Educação, leis e punições mostram-se insuficientes diante de um mal que precisa ser erradicado pela raiz.

Imaginou se tudo isso fosse erradicado com uma única vacina? É sempre a mesma história. As mulheres estão exaustas. Cansadas de ter que pensar, diariamente, em como agir, defender e resistir ao machismo e à misoginia. O cansaço é profundo, e dele nasce uma conclusão urgente: é preciso começar a tratar a misoginia e o machismo como o que são – uma doença social perniciosa. Uma patologia que merecia ter um CID, um diagnóstico formal e um tratamento compulsório, porque todos os remédios tentados até agora se mostraram paliativos.

A educação, por si só, não basta. As leis brasileiras, por mais avançadas que sejam não bastam para conter um país que ocupa, ano após ano, vergonhosos lugares no topo do ranking mundial de feminicídio. As punições, quando existem, não bastam. A exposição pública dos agressores não basta e a inelegibilidade para o serviço público não basta, tudo é insuficiente para conter a epidemia.

E a exaustão é total. Toda provocação, todo assédio, toda violência contra as mulheres é um sintoma dessa misoginia, agravada pela calculada impunidade que os homens desfrutam em escala global. Basta olhar para as guerras, os genocídios e as limpezas étnicas que assolam o mundo – da Palestina ao Congo, as comunidades indígenas no Brasil, os povos originários no mundo. São conflitos idealizados e executados majoritariamente por homens, que decidem quem merece viver e quem deve morrer.

Alguns agressores se validam por trás da máscara da religião, uma instituição outrora intocável. Quem ousaria questionar o sacerdócio, independentemente da fé? Quem desconfiaria do homem abraçado pelos fiéis? Hoje, vemos esses véus caírem, expondo uma estrutura falida e corrompida desde sempre. O cerne da questão, no fim, sempre foi o poder.

Sim, o poder. Nas mãos dos homens e de todos que se beneficiam e alimentam essa estrutura. O homem, quando detém o poder, frequentemente se arvora no direito de substituir o dono do universo, ditando quem vive e quem morre, e sob quais condições. Define a precariedade de um grupo com base em sua etnia, credo, geografia ou qualquer outro pretexto. Ditam, em países com leis restritivas, que uma mulher deve levar à frente uma gestação fruto de um estupro, tornando-a incubadora de sua própria violência. O silenciamento das mulheres no Afeganistão cada vez mais enjauladas e sufocadas em seus próprios apagamentos. Chegam ao absurdo de justificar a morte de bebês e crianças com a lógica perversa de que "precisam morrer, pois vão crescer" – como se o futuro justificasse o extermínio no presente.

Esse mesmo poder é o que grita, através dos misóginos, que "as mulheres não podem", "as mulheres não sabem" e “não são dignas” de conhecimento ou de uma ação autônoma. Hoje, esses grupos se organizam em seitas modernas como os Incels e a Red Pill para ditar como uma mulher deve viver: como esposa troféu, como ser submisso, caladas e objetificadas. A misoginia existe porque os homens, em seu cerne, têm medo do poder que as mulheres representam e mostram. Medo de sua força, de sua autonomia, de seu potencial. Todo o movimento que incentiva estupros, violências e feminicídio é uma reação de uma necessidade de defesa contra o 'terror' que as mulheres representam para a frágil e doente saúde mental e emocional inerente a essa concepção de ser homem.

Muitas mulheres sentem ranço, nojo e desejam distância de homens que não se conhecem, que não sabem seus limites e que se tornam ameaças reais a qualquer pessoa que não seja eles mesmos – portanto, às mulheres.

Talvez a solução radical, mas necessária, seja proibir que um menino cresça sem antes passar por terapia de fato e com acompanhamento psiquiátrico. Na realidade, isso tem um nome: educação sexual nas escolas publica e particulares. As escolas, por obrigação social, deveriam ministrar aulas e, quiçá, até "aprovar ou reprovar" homens para a vida em sociedade.

É um desespero? Talvez. Mas é o ranço que tantas carregam de uma realidade que insiste em adoecê-las, quando a doença real continua sem diagnóstico e sem tratamento.

 
 
 

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