Para agradar o eixo Washington-Tel Aviv, Bolsonaro chama BRICS de “reuniãozinha de pequenos ditadores”

Em mais uma demonstração de desprezo pelas alianças internacionais do Brasil com países emergentes, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou o Brics durante entrevista à CNN nesta terça-feira (15). Chamou o grupo de “reuniãozinha de pequenos ditadores” e acusou seus integrantes — que incluem potências como China, Índia e Rússia, além de países como Irã, Egito e Etiópia — de abrigar “criminosos de guerra”.

O ataque, recheado de ignorância geopolítica, revela o desalinhamento de Bolsonaro com os novos rumos do multilateralismo e sua obsessão em agradar o eixo Washington-Tel Aviv. Para ele, a inserção brasileira em espaços como o Brics representa um “afastamento dos valores americanos”, como se o país devesse submeter sua soberania a interesses externos.

Em tom de lamentação e autopromoção, Bolsonaro aproveitou para criticar o envio do vice-presidente Geraldo Alckmin à posse de uma autoridade iraniana, reproduzindo mais uma vez o discurso islamofóbico ao mencionar “cinco terroristas” — sem provas ou contexto. Seu discurso serve mais ao palanque bolsonarista do que a qualquer análise responsável de política externa.

Na entrevista, o ex-presidente também celebrou o apoio de Donald Trump, que recentemente impôs tarifas de 50% aos produtos brasileiros. Em vez de questionar o protecionismo americano, Bolsonaro tentou transferir a responsabilidade ao presidente Lula, sugerindo que, se ele ainda estivesse no poder, teria resolvido tudo com uma ligação pessoal. Citou Milei como exemplo, ignorando os impactos sociais do ultraliberalismo argentino.

Aos olhos de Bolsonaro, os únicos valores internacionais que importam são os que orbitam sua figura e a narrativa de “perseguido político” promovida por Trump. Enquanto o mundo se reorganiza em blocos multipolares, Bolsonaro insiste em reduzir o Brasil à condição de vassalo do trumpismo — uma posição que não cabe a um país com a importância estratégica do Brasil no cenário global.