E se Hala, de 12 anos, fosse sua filha?
- Siqka

- 8 de jul.
- 2 min de leitura
Hala Abu Dhaliz, uma menina palestina de apenas 12 anos, brincava num balanço improvisado em Khan Younis, próximo à tenda onde vive com sua família, quando foi atingida por um ataque aéreo israelense.
Brincava...
Era uma criança, como qualquer outra. E, ainda assim, foi alvejada.
É impossível não se perguntar quão desgraçado é necessário ser para apertar o botão que lança uma bomba sobre crianças brincando? Que perversidade habita aqueles que dão essas ordens, e os que as cumprem sem hesitar?

Hala sobreviveu. E isso, por si só, já é um alívio. Mas carrega no corpo as marcas do horro: Queimaduras graves, e a perda total de seu cabelo — aquele cabelo que provavelmente ela também arrumava diante do espelho, como tantas outras meninas de sua idade.
Ao ver sua foto ontem, senti um golpe que atravessou mais do que a razão. Hala me fez lembrar de Clara, minha filha, com seus mesmos 12 anos.
Clara, que antes de dormir passa seus cremes mágicos nos cabelos; que acorda uma hora mais cedo para “finalizar” os fios antes da escola, com a dedicação de uma pequena cabeleireira.
E se fosse Clara no lugar de Hala? Como ela suportaria tamanha dor, física e emocional? Eu, como adulto, como pai, sei que estar vivo é um milagre. Mas Clara ainda não compreende isso. Talvez, para ela, perder o cabelo simbolizasse o fim de um mundo inteiro que lhe prometeram ao nascer.
E então penso nos pais de Hala...
Na impotência dilacerante de ver a própria filha queimada, mutilada, traumatizada — e nada poder fazer.
Não escrevo este texto para falar de estética. Não é sobre cabelo. É sobre humanidade. Sobre empatia.
É sobre romper o muro invisível que nos separa da dor dos outros, especialmente quando os “outros” vivem sob bombardeio, sob ocupação, sob desumanização constante.
Sempre acreditei que a dor alheia pode ser compreendida, mas jamais sentida. Mas a imagem de Hala me deslocou dessa certeza. Ela me persegue. Ela me invade. E, junto dela, o sentimento de impotência voltou a me tomar.
Hala precisa de tratamento médico urgente fora de Gaza — como milhares de outras crianças, igualmente feridas, invisibilizadas, esquecidas. Mas as fronteiras seguem fechadas. As bombas continuam caindo. E a infância de Gaza segue sendo esmagada, em tempo real, diante dos olhos do mundo.
A imagem de Hala foi divulgada pelo canal @eye.on.palestine no Instagram, junto com o número de contato de sua família: +970 599 612 198.
Que essa imagem chegue a alguém que, ao vê-la, não veja apenas uma menina desconhecida — mas sua própria filha.


























































Choro todos os dias pelas crianças de Gaza! Gostaria de poder ajudar de uma forma efetiva e fazer a ajuda chegar até ele! Uma tristeza sem fim toda essa situação. Gratidão pelo seu trabalho incansável. Vejo meus filhos e familiares em todos os cidadãos da Palestina 😔