top of page
Inserir um título (5) (1).jpg

O mundo que herdaremos pós Donald Trump, talvez não mereça ser vivido

  • Foto do escritor: Siqka
    Siqka
  • 6 de ago.
  • 3 min de leitura

Eu poderia listar os motivos que me fizeram escrever esse desabafo, mas já faço isso todos os dias, e se listar um por um, passaria meses aqui, afinal, o que não falta é motivo pra dizer o quão fudidos estamos desde que os idiotas yankees resolveram eleger o maior filho da puta de todos como presidente, de novo. Então, vou direto ao ponto e pular o histórico cretino.


Há muito tempo, me passa pela cabeça que o mundo parece andar pra trás na linha evolutiva. Não adianta uma lista sem fim de aplicativos de inteligência artificial e outras conquistas da humanidade se, no fim das contas, não fomos capazes nem de aprender com os próprios erros. Nossa espécie é — sempre foi — autodestrutiva, mas chegamos a um ponto ainda mais desesperador: não somos capazes de sentir empatia, compaixão, amor. Aonde foram parar nossas virtudes? Claro, não vou rotular todo mundo — estou falando da espécie e não de indivíduos, pois ainda existem muitos na contramão, mas, infelizmente, não sei se somos maioria. Tudo isso me fez pensar que tipo de mundo estamos deixando para trás — ou melhor, nos obrigando a habitar — e, ainda pior, parece que esse agente do apocalipse resolveu apressar o fim. Não que já não estivéssemos nesse caminho.


O que quero dizer é que Trump normalizou certos absurdos que não sei se conseguiremos reverter. Escrevo sobre o mundo e zonas de conflito, mas nesses anos de luta, nunca vi nada parecido. Agora, tornou-se normal ameaçar com bombas atômicas. Trump, sem dosar as consequências catastróficas, bombardeou bases nucleares no Irã. Isso poderia ter dado muito ruim, e não só para os iranianos. Ou já esquecemos Chernobyl? Já esquecemos que radiação não respeita fronteiras, que guerra nuclear não tem ganhador? Esse é o mesmo cara que sugeriu um Resort de Luxo em Gaza. Puta que pariu. Pior que se isso acontecer, eu sei que será real, e que um monte de outros filhos da puta vão tirar férias lá. Uns fingindo que nunca existiram as pessoas que ali viviam. Outros, pior, ainda achando que aquilo foi uma solução final coerente.


E quanto aos bandos de lixos brancos desfilando pelas ruas gritando palavras de ódio e racismo? Essa semana escrevi uma notícia sobre clubes de luta supremacistas que surgiram nos EUA e agora chegam como uma nova febre social na América Latina e na Europa. O vírus do ódio foi exportado, e a infecção não tem vacina.


A normalização do caos funciona assim: o absurdo deixa de causar espanto quando repetido à exaustão. A brutalidade vira paisagem. O extremismo vira plano de governo. O horror passa a ter assessor de imprensa e hashtag patrocinada. A sociedade anestesiada, confusa e imersa em um colapso de sentidos, começa a aceitar o inaceitável. O “novo normal” não é uma reorganização — é a adaptação ao abismo. A linguagem muda. A moral se entorta. O que antes era impensável, agora é tema de debate “equilibrado” entre um fascista engravatado e um liberal covarde num talk show qualquer.


E aí te pergunto: que porra de mundo será esse depois de Donald Trump? Um mundo que assiste ao retorno triunfal de um tirano e, pior, dá risada, tira selfie, posta com filtro rumo ao nada. Um mundo onde outros como ele serão eleitos com mais facilidade. Onde cada Trump futuro virá com menos disfarce, menos cerimônia, mais fome de controle. Um mundo que sobrevive a Trump talvez não mereça ser vivido. Seria como viver em um planeta que deixou Hitler morrer de velhice num spa austríaco. É nesse espelho que estamos nos mirando. E a imagem que devolve é grotesca.


E o mais trágico: a maioria parece já ter se acostumado com ela.


©SIQKA
©SIQKA

Comentários


ADQUIRA UMA DAS VERSÕES DA EDITORA CLANDESTINO.

Ao adquirir um de nossos arquivos, você contribui para a expansão de nosso trabalho.

LEIA ON-LINE

Iraque lança operação militar para conter ameaças terroristas
01:00
Joseph Kabila reaparece no Quênia após condenação à morte por traição na RD Congo
01:00
ONU vê “esperança real” de cessar-fogo e paz duradoura no leste da RDCongo
01:00
Juíza suspende intervenção de Trump em Illinois
01:00
Freak Show Genocida: Netanyahu recebe Trump em Israel
01:00
Trump sugere expulsar Espanha da OTAN
01:00
Melania Trump anuncia canal aberto para Putin
01:00
Mais de 400 pessoas morreram de desnutrição na Faixa de Gaza somente neste ano
01:00
bottom of page