Oito em cada dez pessoas em situação de pobreza no mundo, cerca de 900 milhões, enfrentam impactos diretos das alterações climáticas
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- 17 de out.
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O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Iniciativa Pobreza e Humanidade (OPHI), da Universidade de Oxford, divulgaram nesta quinta-feira (16) o relatório “Índice Global de Pobreza Multidimensional (IPM) 2025”, apontando que quase 900 milhões de pessoas estão diretamente expostas a riscos climáticos agravados pelo aquecimento global. Os pesquisadores destacam o que chamam de “duplo fardo”: viver na pobreza e estar vulnerável a desastres ambientais.
Segundo o documento, a África Subsaariana e o sul da Ásia concentram os maiores contingentes de pessoas expostas: 565 milhões e 390 milhões, respectivamente. Nessas regiões, o calor extremo, inundações, secas e poluição do ar ameaçam diretamente a sobrevivência e a qualidade de vida das populações. O relatório aponta ainda que 651 milhões enfrentam dois ou mais riscos climáticos simultaneamente, enquanto 309 milhões lidam com três ou quatro riscos ao mesmo tempo.

O índice considera múltiplos indicadores da pobreza multidimensional, incluindo subnutrição, mortalidade infantil, habitação inadequada, saneamento precário, falta de eletricidade e acesso limitado à educação. Segundo o PNUD, em 2024, 1,1 bilhão de pessoas viviam em situação de pobreza multidimensional, metade delas menores de idade.
O vice-secretário-geral do PNUD, Xu Haoliang, ressaltou que
“ninguém está isento dos impactos cada vez mais severos das alterações climáticas, mas os mais pobres são os mais afetados”. A coautora do relatório, Sabina Alkire, acrescentou que identificar as regiões sob maior pressão é essencial para desenvolver políticas climáticas e de desenvolvimento que coloquem as pessoas no centro da ação.
O relatório destaca que os riscos mais comuns enfrentados por pessoas em situação de pobreza são calor intenso — afetando 608 milhões — e poluição atmosférica — atingindo 577 milhões. Inundações impactam 465 milhões de pessoas, enquanto 207 milhões vivem em áreas suscetíveis à seca.
Com a aproximação da Conferência do Clima (COP30), que ocorrerá de 10 a 21 de novembro na Amazônia, no Brasil, o PNUD e a OPHI reforçaram a necessidade de que os compromissos climáticos nacionais priorizem as populações mais vulneráveis, evitando retrocessos no desenvolvimento global. Segundo Xu Haoliang, enfrentar os riscos climáticos é fundamental para criar um mundo mais estável e inclusivo.
O Índice Global de Pobreza Multidimensional abrange dados de 109 países e um total de 6,3 bilhões de pessoas, permitindo monitorar a sobreposição entre vulnerabilidade social e exposição a riscos ambientais, fornecendo base para políticas públicas direcionadas à redução da desigualdade e mitigação dos impactos climáticos.



































































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