ONU alerta para aumento de casos de inanição no Sudão e prevê apoio a metade da população em 2025

O Sudão enfrenta uma crise humanitária de proporções alarmantes, marcada pela disseminação de casos de inanição devido ao prolongamento do conflito armado. Em uma sessão do Conselho de Segurança da ONU nesta segunda-feira, Eden Wosornu, diretora da Divisão de Advocacia e Operações do Escritório de Assuntos Humanitários (Ocha), descreveu o país como o único no mundo atualmente com áreas confirmadas no nível mais grave de fome.

©Unicef - Shehzad Noorani País africano é agora o único lugar no mundo onde foi confirmado o nível mais grave de fome, Sudão.

Fome severa e deslocamento em massa

Segundo o Ocha, condições de fome extrema foram registradas em cinco áreas, incluindo os campos de deslocados de Zamzam, Al Salam e Abu Shouk, além dos montes Nuba, em Darfur do Norte. Estima-se que outras 17 regiões estaduais podem enfrentar fome até maio de 2025.

O conflito também resultou no deslocamento de mais de 11,5 milhões de pessoas dentro do Sudão, sendo que 8,8 milhões foram desalojadas desde abril de 2023. Mais de 3,2 milhões fugiram para países vizinhos, agravando a crise regional.

Apelos da ONU ao Conselho de Segurança

Eden Wosornu pediu ao Conselho de Segurança medidas concretas para mitigar a crise. Ela destacou três prioridades:

1. Cumprimento do direito humanitário internacional: Garantir que as partes em conflito respeitem as necessidades básicas da população civil e protejam bens, infraestrutura e serviços essenciais, como a produção de alimentos.

2. Acesso humanitário: Assegurar a abertura de rotas terrestres e aéreas, inclusive em zonas de conflito, para a passagem de suprimentos e trabalhadores humanitários.

3. Financiamento internacional: Mobilizar recursos em uma escala sem precedentes para atender às necessidades crescentes da população.

Impacto dos combates e novos episódios de violência

A situação em áreas como El Fasher, em Darfur do Norte, é descrita como catastrófica. Em dezembro, bombardeios de artilharia em Zamzam resultaram em mortes e feridos, com relatos de pessoas impedidas de deixar os campos de deslocados. Os confrontos também se intensificaram em outras regiões, incluindo Cartum, Aj Jazirah e Cordofão.

Meta humanitária para 2025

Diante do agravamento da crise, organizações humanitárias planejam apoiar cerca de 21 milhões de pessoas no Sudão em 2025, o que representa quase metade da população do país. Apesar dos esforços, a ONU alerta que a escala da crise exige uma mobilização global urgente para evitar um colapso ainda maior.