Que guerra é essa que executa 1.500 seres humanos — inclusive crianças — apenas por tentarem comer?

A organização Human Rights Watch (HRW) acusou, nesta sexta-feira (1º), as forças israelenses de executarem ataques letais contra palestinos que aguardavam ajuda humanitária em Gaza, classificando as ações como “crimes de guerra”.

Segundo a entidade, os incidentes ocorrem em pontos de distribuição controlados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), sob supervisão de Israel e dos Estados Unidos. A vice-diretora de crises e conflitos da HRW, Belkis Wille, denunciou que “as forças israelenses, com apoio estadunidense e de empreiteiros privados, militarizaram a distribuição de ajuda, transformando-a em um cenário de massacres recorrentes”.

FAIXA DE GAZA, 2025. ©BELAL KHALED

A ONG acusa Israel de usar a fome como arma contra a população do enclave, que enfrenta mais de 21 meses de guerra e bloqueio total. Em comunicado, a HRW afirmou que “a catástrofe humanitária em Gaza é resultado direto da fome imposta por Israel, da negação deliberada de ajuda e da restrição de serviços básicos — condutas que configuram crimes contra a humanidade e atos de genocídio”.

Desde o fim de maio, mais de 1.500 palestinos, incluindo crianças, foram mortos enquanto tentavam obter alimentos nos centros da GHF, de acordo com a organização. Os episódios de violência, afirma a HRW, ocorrem quase diariamente.

Dados do Programa Mundial de Alimentos (PMA) indicam que toda a população de Gaza enfrenta níveis severos de insegurança alimentar, com 470 mil pessoas em situação de fome extrema e 70 mil crianças necessitando de tratamento imediato para desnutrição aguda. O Ministério da Saúde palestino informa que pelo menos 120 pessoas já morreram de fome desde outubro de 2023 e mais de 28 mil casos de desnutrição foram registrados, número que pode ser ainda maior.

A ofensiva israelense iniciada em 7 de outubro de 2023 já causou a morte de mais de 60,2 mil pessoas no território, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.