Se cadeeiro precisa levar facada de verdade pra ter história pra contar... fica a dica...
- Siqka

- 5 de ago.
- 2 min de leitura
Ontem, enquanto assistia a um filme qualquer, daqueles que você nem lembra o nome, mas, que servem perfeitamente para evitar o caos da realidade, um dos personagens soltou a seguinte pérola: “quem foi pra cadeia e não levou facada, não tem história pra contar.” Instantaneamente, me veio à cabeça a cena tragicômica de Jair Bolsonaro posando para uma sessão de fotos com o bucho pra fora; na hora, achei que fosse da Globo Rural, mas era só para "provar que levou facada". Foi ali, naquela epifania estética de mau gosto, que me perguntei: será que aquela FAKEADA já conta como história?

Vamos ser sinceros, a famosa facada de 2018 mais parece uma releitura tropical do teatro kabuki do que um atentado político real. O golpe — que ninguém viu direito, sem sangue, com um agressor que sumiu dos holofotes tão rápido quanto apareceu, e com um candidato que passou a fazer campanha do leito hospitalar como se fosse o novo messias pós-cirúrgico — tem todos os ingredientes do modus operandi mais velho da política mundial: o da vitimização redentora. Desde César até Collor, fingir-se de perseguido sempre rende bons votos – pelo menos Trump melhorou um pouco o enredo. A suposta tentativa de homicídio caiu como luva em um roteiro eleitoral fraco e sem carisma. E assim, a tal “facada” virou símbolo, virou tatuagem, virou meme e até capa de revista, e não, não foi da G Magazine... menos prova incontestável. Até hoje, nenhum raio-X mostrou a navalha mágica; nenhuma perícia convenceu; nenhuma lógica sobreviveu.
Diante de tudo isso, aquela facada tá mais pra uma espetadinha de unicórnio de Nárnia do que para um atentado à democracia – e disso Bolsonaro entende. Se tivesse sido um piercing, talvez fosse mais honesto. E se o ferimento foi só de vaidade inflamada, então nem antisséptico resolve.
Pra resumir, como eu duvido — e duvido muito — dessa facada mística da qual minha esposa foi a primeira a cantar a bola logo que aconteceu, deixo aqui uma reflexão inspirada no filme: se cadeeiro precisa levar facada de verdade pra ter história pra contar... fica a dica. Quem sabe agora, com tornozeleira, prisão domiciliar e celular proibido, Bolsonaro não tenha finalmente a chance de protagonizar a narrativa que tanto ensaiou?
Ps: Estou esperando Bolsonaro ser preso para escrever o roteiro de como ele contrabandeou o celular para dentro de um presídio federal.


























































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