China classifica como "bárbaro" o bloqueio dos EUA a Cuba
- www.jornalclandestino.org

- 29 de out.
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O representante permanente da China nas Nações Unidas, Fu Cong, exigiu publicamente o fim imediato do embargo econômico, comercial e financeiro que os Estados Unidos impõem a Cuba há mais de seis décadas. Durante debate na Assembleia Geral da ONU, o diplomata descreveu as sanções como "bárbaras" e afirmou que elas têm causado "sofrimentos profundos" ao povo cubano, com perdas acumuladas superiores a 170 bilhões de dólares. A declaração ocorre no contexto da 33ª votação anual da Assembleia Geral sobre a resolução que condena o bloqueio, uma prática que conta com quase unanimidade da comunidade internacional.

Fu Cong detalhou que o bloqueio abrange "combustível, alimentos, bens de consumo, medicamentos e praticamente todas as outras áreas da vida". Ele lamentou que, apesar do 80º aniversário da ONU, "a mentalidade da Guerra Fria e o hegemonismo ainda persistem", criticando diretamente países ocidentais por políticas de "unilateralismo, protecionismo e intimidação". O diplomata chinês condenou as sanções unilaterais como uma violação grave da Carta da ONU e do direito internacional.
Os impactos do embargo foram quantificados em um relatório recente do governo cubano, abrangendo o período de março de 2024 a fevereiro de 2025. O documento registrou perdas materiais de US$ 7,556 bilhões, um aumento de 49% em relação ao período anterior. Entre os danos mais significativos estão as exportações não realizadas (US$ 2,608 bilhões) e os custos adicionais com a relocalização do comércio (US$ 1,213 bilhão), necessária porque empresas de terceiros países são sancionadas por negociar com Cuba.
O debate na ONU ganhou urgência adicional com a aproximação do furacão Melissa, um ciclone de categoria quatro que atinge a região oriental de Cuba. Delegados de vários países, incluindo Singapura, destacaram que as restrições do embargo prejudicam severamente a capacidade cubana de responder a desastres naturais, dificultando a aquisição de equipamentos de emergência e suprimentos essenciais. Burhan Gafoor, representante de Singapura, afirmou que para os cubanos "isso se traduziu em escassez de bens essenciais, cortes de energia e dificuldades no acesso a serviços médicos vitais".
O embaixador dos Estados Unidos na ONU, Mike Waltz, defendeu a política de seu país durante a sessão, descrevendo o debate anual como "teatro político" e negando a existência de um bloqueio. Waltz caracterizou a cooperação médica internacional de Cuba como "trabalho forçado", declaração que provocou uma intervenção imediata do chanceler cubano, Bruno Rodríguez, que acusou o diplomata norte-americano de mentir e de se expressar de forma "incivilizada, crua e grosseira".
A China reafirmou seu compromisso com o multilateralismo e com o aprofundamento da cooperação com Cuba. Fu Cong instou os EUA a "levantarem imediata e completamente seu bloqueio" e a removerem Cuba da lista de "Estados patrocinadores do terrorismo". Historicamente, a resolução contra o embargo tem recebido apoio esmagador: em 2016, alcançou 191 votos favoráveis sem oposição, embora os EUA e Israel tenham retomado o voto contra a partir de 2017.



































































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