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Putin oficializa criação de zona tampão na fronteira com a Ucrânia para conter ataques

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou oficialmente nesta quarta-feira (22) a criação de uma "zona tampão de segurança" ao longo da fronteira com a Ucrânia. Segundo o Kremlin, as forças armadas russas já estão executando operações militares para avançar sobre posições ucranianas nas áreas limítrofes, com o objetivo de proteger as regiões de Belgorod, Bryansk e Kursk — alvos frequentes de bombardeios, ataques com drones e incursões de sabotadores ucranianos.





A proposta, discutida desde meados de 2023, agora ganha contornos concretos com a declaração pública de Putin, marcando uma nova etapa na estratégia militar russa. “As Forças Armadas estão ativamente engajadas nesta missão. Posições inimigas estão sendo neutralizadas”, declarou o presidente durante uma reunião com membros do governo.


Apesar da confirmação do plano, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, evitou revelar detalhes operacionais, delegando a responsabilidade ao Ministério da Defesa. Informações preliminares indicam que a zona tampão englobará áreas fronteiriças nas três regiões citadas, frequentemente atingidas por operações ucranianas.



Militares russos do grupo de forças 'Sul' participam de treinamento de combate em um local desconhecido. ©Sputnik I Sergey Bobylev.
Militares russos do grupo de forças 'Sul' participam de treinamento de combate em um local desconhecido. ©Sputnik I Sergey Bobylev.


Avanço estratégico e inspiração histórica

Do ponto de vista militar, zonas tampão funcionam como faixas de contenção entre forças hostis, podendo ser desmilitarizadas ou ocupadas por tropas que atuam como escudo defensivo. A medida adotada por Moscou remete a experiências similares como a zona de segurança mantida por Israel no sul do Líbano (1985–2000) e a zona desmilitarizada entre as Coreias.


Putin já havia indicado em 2023 o interesse em ampliar o controle territorial para impedir ataques com artilharia de longo alcance — como os realizados com obuses M777 de 155 mm, fornecidos pelo Ocidente a Kiev, que podem atingir alvos a até 40 km de distância da fronteira russa.


Líderes da Duma russa apoiaram a proposta, sugerindo que a faixa tampão tenha entre 50 e 60 quilômetros de profundidade e seja equipada com sistemas de defesa antiaérea. Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança, afirmou que, caso a Ucrânia receba armamentos de maior alcance, a zona poderá ser ampliada para até 650 quilômetros, cobrindo áreas mais ao interior do território ucraniano.


Combates se intensificam em Sumy e Kharkov

O anúncio ocorre em meio à intensificação dos confrontos nas regiões fronteiriças ucranianas. Tropas russas teriam capturado aldeias nas imediações de Sumy, como Maryino, Zhuravka e Basovka, segundo autoridades locais. O chefe da administração militar regional de Sumy, Oleg Grygorov, confirmou o avanço de pequenos grupos de assalto russos que buscam consolidar posições em território ucraniano.


Como medida preventiva, mais de 52 mil civis foram evacuados das áreas próximas à fronteira. A evacuação começou semanas antes, abrangendo inicialmente as vilas de Belopolye e Vorozhba e, posteriormente, outras 200 localidades.


Em 20 de maio, Putin realizou uma visita surpresa à região de Kursk, a primeira desde o início dos combates. Durante a viagem, ouviu apelos de autoridades locais para que Sumy fosse colocada sob controle russo. O presidente respondeu de maneira evasiva, sinalizando, contudo, que há interesse em manter a pressão militar.


Além de Sumy, a ofensiva russa também se concentra na região de Kharkov, especialmente nas imediações de Kupyansk. Observadores militares avaliam que os avanços são cautelosos e visam desgastar as reservas ucranianas, em vez de buscar uma ofensiva relâmpago.


A longo prazo, o controle de áreas como Sumy e Chernigov, que concentram centenas de milhares de habitantes, pode fornecer à Rússia um trunfo importante em futuras negociações diplomáticas.


Enquanto isso, Kiev classificou a medida como uma escalada perigosa. O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia pediu à comunidade internacional que aumente a pressão sobre Moscou para conter os avanços russos.

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