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Assassinatos de jornalistas, bloqueios, crimes de guerra e o apagão midiático

Sob o som incessante das bombas e a sombra de uma ocupação prolongada, jornalistas palestinos seguem registrando o horror, mesmo diante da mira. Desde 7 de outubro de 2023, pelo menos 209 profissionais da imprensa foram mortos em Gaza — um número sem precedentes, segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU (ACNUDH). A cifra supera qualquer outro registro de mortes de jornalistas em um único território e período.


“O assassinato deliberado de jornalistas é crime de guerra”, declarou Ajith Sunghay, chefe do ACNUDH no Território Palestino Ocupado. “Eles são civis protegidos por leis internacionais, e, no entanto, continuam sendo alvos de execuções, detenções arbitrárias e censura sistemática — inclusive com relatos de tortura e ameaças de violência sexual contra mulheres jornalistas.”


Philippe Lazzarini, comissário-geral da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), apontou o risco do apagamento informativo: “O fluxo livre de informação e reportagens independentes são essenciais em tempos de guerra. Mas desde o início do conflito, a verdade foi soterrada por uma avalanche de propaganda desumanizante.”



JORNALISTAS PALESTINOS EM GAZA PALESTINA
JORNALISTAS PALESTINOS EM GAZA PALESTINA


Censura e cerco total

Enquanto a imprensa local sangra, o cerco à população civil se intensifica. Por mais de seis semanas, Israel impôs bloqueio total à entrada de alimentos, combustível e medicamentos na Faixa de Gaza. A UNRWA relata que padarias fecharam, hospitais colapsaram e geradores pararam por falta de combustível. O resultado: uma tragédia humana em marcha acelerada.


“Poderíamos ter salvo muitos pacientes, se os insumos básicos estivessem disponíveis”, relata a equipe médica local ao OCHA (Escritório da ONU para Coordenação Humanitária).


Estima-se que mais de 51 mil palestinos foram mortos e 116 mil ficaram feridos desde outubro. Só após a retomada dos bombardeios em 18 de março, mais de 500 mil pessoas foram deslocadas novamente — algumas pela segunda ou terceira vez.



Jornalismo entre escombros

Na Cisjordânia, a situação não é menos crítica. Jornalistas são detidos, espancados e ameaçados pelas forças de ocupação israelenses. Em muitos casos, a própria Autoridade Palestina também é denunciada por repressão à liberdade de imprensa.


A ONU destaca: o assassinato de jornalistas e o bloqueio à informação são instrumentos de guerra. Sem imagens, sem vozes, sem nomes — o genocídio se torna mais palatável para quem assiste de longe.



A resistência da vida

Mesmo sob escombros, há sinais de resistência humanitária. A UNRWA reabriu um centro de saúde em Khan Younis, no sul de Gaza, destruído por forças israelenses em dezembro. Mais de 1.300 pacientes foram atendidos apenas na primeira semana. Campanhas de doação de sangue, reativação de poços de água e remoção de toneladas de lixo urbano também seguem em curso, apesar do caos.


Segundo a UNICEF, 400 mil crianças agora têm acesso a apenas 6 litros de água potável por dia, número muito abaixo do mínimo recomendado. Além disso, 3.696 crianças foram hospitalizadas com desnutrição aguda só em março, quase o dobro do mês anterior.


A comunidade internacional segue emitindo notas e alertas, enquanto Israel mantém zonas inteiras de Gaza como áreas proibidas para civis, impedindo o retorno da população deslocada e o acesso de equipes de resgate.



O mundo assiste — calado

Com a informação sob ataque, a violência se reproduz impunemente. Em Gaza, matar jornalistas é matar provas. E ao silenciar as vozes que narram os horrores, cala-se também a chance de justiça. A cobertura midiática livre não é um luxo em tempos de guerra — é a última linha de defesa contra o esquecimento.

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