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A ação da Frota da Liberdade rumo a Gaza só fará sentido se dela resultar uma Armada Invencível de Frotas da Liberdade

Artigo escrito em 6 de junho de 2025

publicação posterior em 9 de junho de 2025


O percurso atual da Frota da Liberdade rumo a Gaza tem despertado enorme interesse nas redes sociais e nos jornais (online e outros), e isso é muito positivo! Esta frota, a bordo do veleiro Madleen, atualmente a caminho de Gaza — com a presença da deputada franco-palestina Rima Hassan, da militante ecológica sueca Greta Thunberg, do jornalista francês Yanis Mhamdi e de vários militantes internacionais, entre eles o brasileiro Thiago Ávila — constitui uma ferramenta midiática poderosa como vetor de divulgação e sensibilização para a causa palestina, visando denunciar o Palestinocídio em curso em Gaza e, lembramos, também na Cisjordânia, decretado pelo Estado supremacista e racista israelense.


Veleiro Madleen, Flotilha da Liberdade, 2025
Veleiro Madleen, Flotilha da Liberdade, 2025

Ressalto aqui o papel político e midiático desta iniciativa, conduzida por figuras emblemáticas e atores engajados: deputados, militantes ecológicos, jornalistas e um médico a bordo.


Nos últimos dias, enquanto navegavam pelo Mediterrâneo, a tripulação do Madleen foi chamada com urgência para intervir em um caso de emergência no mar, a fim de evitar mais uma tragédia migratória. Ao chegarem, encontraram uma embarcação inflável superlotada, com cerca de vinte pessoas em situação de grande vulnerabilidade, amontoadas e expostas a risco iminente de naufrágio. Os resgatados foram transferidos para um porto seguro, provavelmente Kalamata, na Grécia, onde receberam atendimento das autoridades locais e dos serviços de resgate. O resgate foi realizado com sucesso, ilustrando concretamente o compromisso humanitário da frota, muito além de seu objetivo simbólico.


No entanto, é crucial que a comunicação controle o conteúdo divulgado em torno da Frota da Liberdade para não prejudicar a legitimidade e a justiça desta ação humanitária e política. Algumas imagens e comentários veiculados pela imprensa ou nas redes sociais, embora muitas vezes inofensivos à primeira vista, podem ser deturpados ou explorados pelos adversários da causa palestina. Por exemplo, a divulgação da imagem romântica de um militante cantando e tocando violão no convés do barco, como se fosse um cruzeiro de lazer, ou o comentário de uma deputada francesa sobre a vista para o mar de sua cabine, descrevendo-a como um aspecto “festivo” da expedição, contribuem para uma representação que banaliza ou dilui a gravidade e a urgência da missão — e que foi divulgada como tal no jornal francês Le Figaro.


Esses elementos, embora humanos e legítimos, podem involuntariamente enfraquecer o alcance político e a força mobilizadora da frota, dando margem aos opositores para minimizar ou ridicularizar o compromisso sério e a determinação de seus integrantes.


O que pode acontecer com o barco?

Cenário 1 – A Frota desembarca em Gaza (Inch’Allah)

Se a frota humanitária conseguir alcançar e desembarcar em Gaza (o que desejo de coração), as cargas humanitárias só poderão ser distribuídas a um número limitado de pessoas, pois não atenderão às necessidades dos 2,5 milhões de palestinos. Sem contar a má vontade da potência ocupante, Israel, que, muito provavelmente, por sadismo, impedirá que a ajuda humanitária chegue aos habitantes de Gaza. Nesse caso, as autoridades israelenses alegarão um “desembarque ilegal”, prenderão a tripulação e a encarcerarão.


Convém lembrar que a única ilegalidade que prevalece no direito internacional é a ocupação e o bloqueio ilegais impostos por Israel à Faixa de Gaza desde 2007. Essa ocupação, reiteradamente condenada pelas Nações Unidas, constitui uma grave violação das Convenções de Genebra e do direito internacional humanitário. Nesse cenário, Israel só agravaria seu isolamento diplomático ao criminalizar uma iniciativa pacífica e humanitária.


Cenário 2 – A Frota é interceptada antes de chegar a Gaza

Nesse caso, vários desdobramentos são possíveis:


Afundar o barco;


Usar forças especiais para assassinar membros da tripulação, como aconteceu com a Frota Turca, na qual, em 31 de maio de 2010, a frota humanitária conhecida como Flotilha da Liberdade — composta por seis embarcações, incluindo o navio turco Mavi Marmara com mais de 600 ativistas — foi interceptada por comandos navais israelenses em águas internacionais enquanto tentava romper o bloqueio imposto à Faixa de Gaza com  cerca de 10.000 toneladas de ajuda humanitária. A operação resultou em confronto violento a bordo do Mavi Marmara, onde nove ativistas foram mortos (um décimo morreu posteriormente) e dezenas ficaram feridos, assim como soldados israelenses. O incidente gerou uma crise diplomática entre Turquia e Israel, ampla condenação internacional e foi objeto de investigações na ONU e no Tribunal Penal Internacional, que consideraram o uso da força israelense desproporcional, ainda que o bloqueio fosse legal sob o direito internacional marítimo.


O desaparecimento de uma figura parlamentar francesa importante, como a deputada Rima Hassan, incansável militante dos direitos humanos, ou da ativista Greta Thunberg, poderia representar um duro golpe para os movimentos de apoio à Palestina e às causas ecológicas. Isso prejudicaria ainda mais a já desastrosa imagem de Israel;


Ou então prender a tripulação e confiscar as cargas a bordo.


O que pode ser feito no futuro: criar uma armada invencível de Frotas da Liberdade

Para responder de forma eficaz à emergência humanitária e garantir a segurança das missões, é indispensável constituir uma “armada invencível de Frotas da Liberdade”, reunindo vários barcos com funções complementares e equipamentos especializados. Essa armada poderia ser organizada com os seguintes componentes:


Navios-hospitais modernos e totalmente equipados, com centros cirúrgicos móveis, salas de emergência, unidades de terapia intensiva e farmácias bem abastecidas com medicamentos essenciais (antibióticos, analgésicos, material de reanimação). Esses navios contariam com equipes médicas especializadas, incluindo cirurgiões, anestesistas, médicos de emergência, enfermeiros e psicólogos clínicos treinados para lidar com traumas causados por conflitos armados e crises humanitárias.


Navios logísticos humanitários para transportar grandes volumes de alimentos, água potável, material sanitário (barracas, cobertores, kits de higiene) e equipamentos para centros de atendimento em campo. Esses navios seriam geridos por especialistas em logística humanitária para otimizar a distribuição mesmo em áreas de difícil acesso.


Barcos de assistência psicológica, equipados para oferecer suporte psicológico emergencial, com equipes de psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais especializados no atendimento às vítimas da guerra, especialmente crianças e civis traumatizados. Essas unidades móveis seriam cruciais para reduzir o impacto do trauma e apoiar a reconstrução social.


Unidades de proteção marítima, asseguradas por forças navais europeias, como patrulheiros ou fragatas da marinha espanhola — reconhecida por sua potência marítima no Mediterrâneo — responsáveis pela segurança das frotas contra ataques ou interceptações violentas. Essas unidades seriam equipadas com sistemas avançados de radar, drones de reconhecimento e equipes de intervenção especializadas em segurança marítima e gestão de crises.


Sistemas de comunicação seguros, para manter contato constante entre as frotas, organizações humanitárias internacionais e autoridades locais, coordenando eficazmente as operações, prevenindo ataques e garantindo transparência.


Esse dispositivo integrado permitiria desenvolver uma estratégia humanitária coerente, eficaz e protegida, capaz não só de quebrar o bloqueio desumano imposto a Gaza, mas também de fornecer assistência completa e duradoura à população civil.


Conclusão

A Frota da Liberdade atual é muito mais que um simples comboio marítimo: é um símbolo poderoso de resistência, solidariedade e humanidade diante da injustiça e da opressão. Para que essa iniciativa dê frutos e transforme a realidade no terreno, é imprescindível que seja seguida por uma mobilização crescente, estruturada e protegida, na forma de uma armada organizada e determinada.


Essa resposta coletiva e internacional, fundamentada em princípios sólidos e ação coordenada, poderá impor o respeito ao direito internacional, romper o cerco desumano a Gaza e finalmente abrir caminho para uma paz justa e duradoura.

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