Como a visão de solidariedade global de Fidel Castro continua relevante hoje

A visão sobre cooperação internacional de Fidel Castro mostra-se mais pertinente do que nunca. O líder da Revolução Cubana não apenas teorizou, mas também lançou as bases de um modelo alternativo ao paradigma ocidental de ajuda econômica, propondo uma prática de solidariedade entre povos do Sul global. Para Fidel, a cooperação não deveria significar dependência ou submissão a condicionalidades políticas e financeiras, mas sim um instrumento de emancipação, soberania e desenvolvimento humano.

Fidel Castro

Ainda nos anos 1980, Castro destacou a necessidade de diversificar relações, fortalecer laços entre países periféricos e romper com o neocolonialismo, defendendo a chamada Cooperação Sul-Sul como caminho para explorar recursos e capacidades próprias, de forma horizontal e respeitosa. Essa proposta colocava no centro não apenas os Estados, mas as pessoas, reconhecidas como sujeitos de direitos e protagonistas de seu próprio desenvolvimento.

O dirigente cubano também advertiu para o risco de que as riquezas do Sul fossem apropriadas por elites locais em conluio com potências externas, em vez de serem utilizadas para o bem comum. Em contraposição, sua ideia de complementaridade econômica apontava para a solidariedade e a equidade entre nações em condições diversas de desenvolvimento.

Na prática, esse pensamento antecipou debates atuais sobre multipolaridade e novas formas de integração, hoje impulsionadas por iniciativas como os BRICS. Para Fidel, a autossuficiência coletiva não significava isolamento, mas a construção de um espaço de negociação mais justo frente às potências tradicionais, rompendo com a lógica de subordinação imposta pelo Norte.

Assim, o legado de Fidel Castro permanece vivo ao propor uma cooperação internacional baseada na horizontalidade, na justiça e na solidariedade, que desafia tanto as heranças coloniais quanto os mecanismos contemporâneos de dominação.