Vítimas de abusos sexuais acusam dioceses de silêncio em casos envolvendo padre na França e no Marrocos
- www.jornalclandestino.org

- 29 de set.
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Um grupo de vítimas de um padre preso desde maio na França por agressão sexual agravada divulgou, nesta segunda-feira (29), uma carta aberta em que denuncia a omissão das dioceses de Dijon, no leste francês, e de Rabat, no Marrocos. Os signatários afirmam que ambas as instituições religiosas permaneceram em silêncio diante das denúncias, apesar das acusações contra o sacerdote se estenderem por mais de uma década e envolverem jovens nas duas regiões.
O grupo de vítimas, identificado como La parole bienvenue (“A Palavra Acolhida”), questiona a postura dos arcebispos Antoine Hérouard (Dijon) e Cristobal Lopez Romero (Rabat). Na carta, pedem a divulgação de todos os serviços desempenhados pelo padre em contato com jovens e cobram explicações sobre a resposta das autoridades eclesiásticas diante do comportamento recorrente do religioso.

De acordo com a associação, ao menos 16 pessoas foram reconhecidas como vítimas desde a prisão do padre em maio, após denúncia de agressão sexual agravada contra uma menor. Além desse caso, outras três situações semelhantes estão sob investigação da Justiça francesa. Os relatos mais antigos remontam a 2010, quando a primeira vítima, então com 12 anos, denunciou o sacerdote.
O histórico do padre revela movimentações entre países: após a primeira queixa formal, arquivada em 2017, ele foi transferido para Rabat. Lá, teria acumulado novas denúncias até 2024, quando retornou à França. Em novembro do mesmo ano, foi proibido de exercer atividades junto a menores, mas ainda assim manteve funções pastorais até sua detenção em maio de 2025.
Em entrevista à AFP, o arcebispo de Rabat declarou não ter recebido relatos formais sobre o padre, mas afirmou ter observado pessoalmente “comportamentos inapropriados e perigosos”, que comunicou à diocese de Dijon. Segundo ele, tais condutas não configuraram crimes, razão pela qual não foram encaminhadas à Justiça. Já em Dijon, o arcebispo Hérouard confirmou a existência de investigações criminal e canônica, mas evitou detalhes, limitando-se a dizer que “as restrições necessárias” foram aplicadas após as denúncias.
O grupo de vítimas alerta que o número de pessoas afetadas pode ser maior e busca identificar jovens que tiveram contato com o religioso em paróquias tanto da França quanto do Marrocos.


























































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