Ativista preso no Benin denuncia governo Talon e alerta para avanço do autoritarismo no país
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O ativista e dirigente político Damien Zinsou Dégbé, presidente do Conselho da Juventude Patriótica (CoJeP) do Benin, foi detido em 21 de outubro de 2025 por agentes à paisana em um veículo não identificado. A Organização de Defesa dos Direitos Humanos e dos Povos (ODHP) classificou o episódio como um “ato criminoso” e exigiu sua libertação imediata.
Segundo a ODHP, Dégbé foi levado para o Centro Nacional de Investigação Digital (CNIN), dirigido por Ouanilo Mèdégan, ligado ao aparato repressivo do presidente Patrice Talon, aliado do governo francês na região. Ele foi acusado de “ciberassédio, incitação à violência e rebelião”, acusações consideradas pela organização motivadas politicamente devido às suas atividades no Partido Comunista do Benin e críticas públicas ao governo.

Após o interrogatório, Dégbé foi transferido para a delegacia do porto de Cotonou. No dia seguinte, Parfait Gnami, membro do CoJeP em Parakou, também foi detido. A ODHP destaca que o regime de Talon mantém histórico de detenções arbitrárias e sequestros políticos, incluindo casos de Steve Amoussou, Hugues Comlan Sossoukpè e Reckya Madougou, caracterizando um padrão de repressão estatal.
Damien Dégbé havia alertado sobre o caráter autocrático e pró-imperialista do governo Talon em entrevista ao Brasil de Fato três meses antes de sua prisão, denunciando a entrega do país à França e a repressão sistemática das manifestações populares. Segundo ele, a juventude e as mulheres lideram protestos contra desigualdades, assédio fiscal e exploração econômica promovida pelo regime.
Ele também criticou a presença de tropas francesas, estimadas em 500 militares, no território beninense, considerando que sua atuação não combate efetivamente o terrorismo, mas reforça interesses externos e contribui para a precariedade local. Dégbé citou projetos de infraestrutura e saúde, como escolas e hospitais franceses, que operam com privilégios fiscais em detrimento da população.
O ativista defendeu que a resistência popular e os movimentos democráticos na África Ocidental, incluindo a Aliança dos Estados do Sahel (AES) formada por Mali, Burkina Faso e Níger, representam uma alternativa ao domínio imperialista, com ênfase na soberania e autodeterminação dos países africanos.
O CoJeP, fundado em 2021, articula manifestações regulares contra o regime, buscando denunciar injustiças e promover mudanças políticas e sociais no Benin. As recentes detenções de membros do movimento geram preocupações internacionais sobre a repressão e o avanço do autoritarismo no país.


























































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