BRICS: de clube econômico a escudo político do Sul Global?
- Mohammed Hadjab

- 26 de jun.
- 2 min de leitura
Num momento em que o Oriente Médio arde novamente sob os golpes de uma geopolítica do desprezo, impõe-se uma pergunta: até quando o Sul Global continuará a assistir, impotente, às agressões contra seus povos, seus aliados, seus símbolos? A agressão contra o Irã e o palestinocídio cometido por Israel são as expressões mais recentes dessa barbárie. Dois eventos que não podem mais ser ignorados nem relativizados.
Diante desse cenário, os BRICS — esse bloco que durante muito tempo foi visto como uma alternativa econômica à ordem neoliberal ocidental — precisam se transformar. Não apenas em um espaço de coordenação, mas em uma força de dissuasão, uma estrutura de defesa solidária, uma aliança estratégica dos povos oprimidos.

Uma força armada dos BRICS: o nascimento da F.I.R.E.
É chegada a hora de os BRICS criarem uma força militar de intervenção comum, batizada de F.I.R.E. — Força de Intervenção Revolucionária Estratégica. Não para atacar, mas para proteger. Proteger seus membros em caso de agressão. Afastar qualquer tentativa de intimidação ou chantagem. Apoiar os povos cercados, bombardeados, ocupados.
A F.I.R.E. simboliza a urgência de uma defesa coletiva real. Ela representaria uma virada histórica: o momento em que o Sul Global se organiza, se arma, e assume a responsabilidade de proteger seus próprios destinos.
Não se trata de provocação. Trata-se de responder a um mundo em que o direito internacional virou letra morta, onde os Estados Unidos e parte do Ocidente senil — não apenas envelhecido, mas preso a uma visão imperial ultrapassada — se arrogam o direito de decidir quem vive e quem morre.
O Estado da Palestina como membro pleno dos BRICS
Neste contexto, a admissão do Estado da Palestina como membro pleno dos BRICS seria um passo fundamental. Não se trata de um gesto simbólico, mas de uma afirmação política potente: o reconhecimento de um povo que há décadas é negado, bombardeado, silenciado, exilado.
Essa adesão seria também um ato de soberania coletiva. Uma forma de afirmar, sem rodeios, que o Sul Global não aceita mais ser refém de uma ordem mundial hipócrita e seletiva.
A Palestina não precisa de piedade. Precisa de alianças reais, de reconhecimento político e de instrumentos concretos de proteção. A sua entrada nos BRICS, com o respaldo da F.I.R.E., mostraria que este bloco deixou de ser apenas uma alternativa econômica e passou a ser uma "potência política com visão de mundo".
Da retórica à ação
O tempo das cúpulas sem consequências precisa ficar para trás. Se os BRICS realmente desejam fazer frente às estruturas obsoletas do Ocidente (OTAN, G7, UE), devem deixar de ser gigantes econômicos com pés diplomáticos de barro.


























































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