CBS vira brinquedo do sionizta herdeiro do segundo homem mais rico do mundo — também o maior financiador do exército de ocupação
- www.jornalclandestino.org
- 18 de ago.
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Após firmar um acordo com Donald Trump, David Ellison – herdeiro do magnata Larry Ellison, o segundo homem mais rico do planeta – assumiu o controle da Paramount Global, conglomerado que detém a CBS News.
O patriarca Larry, além de ser fundador da Oracle e bilionário do setor de tecnologia, é também reconhecido como o maior financiador privado das Forças de Ocupação de Israel (IOF). Sua proximidade com o establishment político israelense é notória: Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro do país, figura entre seus amigos mais íntimos.
A chegada de David à direção da CBS já vem acompanhada de anúncios estratégicos: uma suposta busca por “pluralidade ideológica” e “imparcialidade” jornalística, interpretada por analistas como um movimento para aproximar a rede de uma linha editorial mais conservadora e simpática ao trumpismo. Nesse processo, o nome de Bari Weiss – jornalista conhecida por sua defesa fervorosa de Israel e críticas ao progressismo – surge como a principal candidata ao cargo de ombudsman da emissora.

A influência de Larry Ellison: da CIA a Tel Aviv
A trajetória da Oracle ajuda a entender a rede de conexões que sustenta o poder de Larry Ellison. A empresa nasceu nos anos 1970, a partir de um projeto encomendado pela CIA, e por anos teve o serviço de inteligência como cliente exclusivo. Hoje, expandida globalmente, a companhia continua atuando como braço privado do aparato de segurança estadunidense.
Mas se Washington é um polo de influência, Tel Aviv é ainda mais central. Um defensor declarado do sionismo, Ellison não apenas cultiva relações pessoais com Netanyahu, como também investe diretamente na máquina militar israelense. Em 2014, doou US$ 16,6 milhões para os Friends of the IDF, a maior contribuição individual já registrada pela organização. Segundo suas próprias palavras, apoiar os soldados israelenses seria “a mais alta forma de honra”.
A cultura corporativa da Oracle reflete esse alinhamento político. Safra Catz, CEO da empresa, já afirmou publicamente que qualquer funcionário que discorde do compromisso “inabalável” da companhia com Israel deveria simplesmente deixar o quadro de funcionários.
Bari Weiss: a escolha estratégica
A possível nomeação de Bari Weiss como nova “guardadora da linha editorial” da CBS marca um ponto de virada. Ex-colunista do Wall Street Journal e do New York Times, Weiss construiu carreira defendendo Israel e promovendo vozes conservadoras, muitas vezes associadas ao que chamou de “dark web intelectual”. Desde 2021, lidera o The Free Press, veículo digital que se consolidou como bastião pró-Israel e de combate às pautas progressistas.
Sua trajetória é marcada por polêmicas: ainda estudante, tentou mobilizar campanhas contra professores árabes e muçulmanos em universidades dos EUA, acusando-os de “antissemitismo”. Mais recentemente, seu veículo foi acusado de disseminar desinformação sobre Gaza e de relativizar massacres contra civis palestinos.
CBS sob intervenção
A influência israelense dentro da CBS não é novidade. Diversos jornalistas e produtores da emissora já passaram por organizações ligadas à "defesa de Israel", como a Liga Anti-Difamação ou os "Friends of the IDF". O que se observa agora, no entanto, é a consolidação de um projeto político mais explícito: colocar a emissora a serviço de uma agenda que une os interesses de Trump e de Tel Aviv.
Como parte da negociação, a Skydance – produtora de Ellison – teria se comprometido não apenas a contratar Weiss, mas também a encerrar políticas de diversidade e inclusão da empresa. Além disso, pagou US$ 16 milhões a Trump para encerrar um processo contra o programa 60 Minutes – gesto descrito por críticos como um “suborno disfarçado”. Pouco depois, o humorista Stephen Colbert teve seu programa cancelado e nomes tradicionais do jornalismo da CBS pediram demissão, alegando perda de independência editorial.
O caso da CBS não é isolado. Em meio ao segundo mandato de Trump, diversas redes de TV e plataformas digitais têm ajustado suas linhas editoriais para evitar atritos com a Casa Branca. A CNN, por exemplo, anunciou uma guinada ao “centrismo”, proibindo seus jornalistas de demonstrar indignação ao cobrir o governo. A MSNBC, antes símbolo da oposição democrata, também já sinaliza aproximação com o presidente.
No campo das redes sociais, o cenário segue a mesma tendência: o Facebook se realinha sob influência de aliados de Trump, enquanto o Twitter, nas mãos de Elon Musk, se transformou em vitrine para discursos da extrema direita. Até o TikTok, constantemente ameaçado de banimento nos EUA, tem recrutado ex-agentes e militares israelenses para cargos estratégicos.
Jornalismo sob cerco
A aquisição da CBS por David Ellison e a ascensão de Bari Weiss como peça-chave da rede simbolizam o duplo risco que paira sobre a mídia estadunidense: de um lado, a concentração de poder em mãos de oligarcas bilionários; de outro, a crescente penetração do lobby pró-Israel nas redações.
A promessa de “pluralidade” pode, na prática, se traduzir em censura seletiva, onde narrativas pró-Palestina ou críticas a Israel se tornam cada vez mais marginais. O episódio ilustra o enfraquecimento progressivo da independência jornalística nos Estados Unidos e aponta para uma imprensa moldada não pelo interesse público, mas pela convergência entre o poder econômico, o Estado de segurança e o projeto sionista.
Fonte: MINTPRESS