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E se a Terra parasse de girar de repente?

Imagine que, em um dia comum, sem aviso, o planeta inteiro freasse de forma abrupta, como um carro que bate contra um muro invisível. A princípio, pode parecer apenas uma extravagância de ficção científica, mas, para a física, o cenário é perfeitamente calculável — e nada bonito.


©PINTEREST
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Hoje, na linha do Equador, a Terra gira a cerca de 1.670 km/h. É essa velocidade que nos dá os dias e as noites, molda ventos, correntes marítimas e até a distribuição das águas nos oceanos. Se de repente essa rotação parasse, tudo que não estivesse solidamente preso ao solo continuaria se movendo nessa mesma velocidade, como um passageiro sem cinto arremessado para frente quando o carro freia de forma brusca. Mas, nesse caso, o “carro” seria o planeta inteiro. Ventos supersônicos varreriam cidades, arrancando florestas inteiras e transformando edifícios, veículos e até pessoas em projéteis viajando a mais de mil quilômetros por hora.


A catástrofe não pararia aí. Hoje, a rotação da Terra mantém parte da água dos oceanos ligeiramente “empilhada” na região equatorial, resultado da força centrífuga. Sem essa força, a água se redistribuiria, migrando em direção aos polos. O efeito imediato seria um deslocamento colossal de massa líquida, provocando tsunamis que engoliriam zonas costeiras, antes de recuar para formar mares mais profundos nas regiões próximas ao Ártico e à Antártica. Regiões atualmente secas poderiam se transformar em novos mares, enquanto cidades inteiras desapareceriam sob as águas.


Com o planeta imóvel, o ciclo de 24 horas deixaria de existir. Um hemisfério ficaria permanentemente voltado para o Sol, condenado a temperaturas escaldantes capazes de esterilizar o solo e evaporar rios; o outro mergulharia numa noite eterna, com frio tão intenso que congelaria até a atmosfera. Entre esses extremos, uma estreita faixa de crepúsculo constante poderia, talvez, oferecer condições mínimas para a sobrevivência — mas sob céus carregados de poeira e radiação.


E aqui surge outro problema: a rotação da Terra participa, junto ao movimento do núcleo de ferro líquido, da geração do campo magnético que nos protege da radiação solar. Sem ela, o escudo enfraqueceria, permitindo que partículas energéticas atingissem a superfície. O resultado seria um planeta iluminado por auroras permanentes e magníficas, mas a um custo altíssimo: sistemas elétricos entrando em colapso e aumento drástico na incidência de câncer de pele.


Felizmente, não há motivo para perder o sono. Um freio tão abrupto exigiria uma força comparável ao impacto de um asteroide maior que a Lua, algo que não se prevê para o futuro próximo. O que a física nos diz é que a rotação da Terra diminui lentamente, de forma imperceptível para nós, e que, em bilhões de anos, o planeta pode acabar travado, mostrando sempre a mesma face para o Sol — assim como a Lua faz com a Terra. Até lá, seguiremos girando. Mas pensar no que aconteceria se o mundo parasse de repente é um exercício irresistível: um daqueles raros casos em que a imaginação e a ciência se encontram para nos lembrar de quão delicado — e espetacular — é o equilíbrio que nos mantém vivos.

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