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FPA exige que Israel “permita acesso de jornalistas estrangeiros à Faixa de Gaza”

O cessar-fogo entre Israel e o Hamas trouxe um raro instante de pausa à devastação em Gaza — mas o silêncio que se seguiu não é o da paz, e sim o da censura. Enquanto os escombros ainda fumegam, o mundo continua sem ver Gaza com os próprios olhos: as fronteiras seguem fechadas para a imprensa estrangeira.


Na sexta-feira, a Associação de Imprensa Estrangeira (FPA) rompeu esse silêncio forçado. Em um comunicado, a entidade exigiu que Israel “abra imediatamente as fronteiras e permita acesso livre e independente à Faixa de Gaza”.


Desde 7 de outubro de 2023, apenas jornalistas palestinos puderam narrar a destruição, pagando com a própria vida por cada imagem e cada testemunho. O bloqueio israelense transformou Gaza num território de sombras, onde a imprensa local se tornou o único elo entre o mundo e o horror. A verdade, porém, também foi alvo dos bombardeios.


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Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), mais de 200 profissionais de mídia foram mortos em Gaza desde o início da guerra — um número que faz deste o conflito mais letal para jornalistas na história recente. Entre as vítimas, nomes como Mariam Dagga, correspondente da Associated Press e da Independent Arabia, e Hussam al-Masri, da Reuters, mortos em 25 de agosto durante uma transmissão ao vivo no Hospital Nasser. Suas câmeras, voltadas para o caos, registravam não apenas destruição, mas também coragem — até o momento em que foram silenciadas.


O CPJ documentou ainda 25 execuções seletivas de jornalistas, algumas admitidas pelo próprio Exército israelense. O caso de Anas al-Sharif, da Al Jazeera, acusado falsamente de liderar uma “célula terrorista”, expõe o uso político da desinformação como justificativa para o assassinato. Matar o mensageiro tornou-se uma estratégia de guerra.


A violência ultrapassou as fronteiras de Gaza. Em outubro de 2023, o jornalista Issam Abdallah, da Reuters, foi morto no sul do Líbano em um ataque israelense que, segundo o relator especial da ONU Morris Tidball-Binz, foi “premeditado, direcionado e duplo”. A investigação das Nações Unidas classificou o episódio como crime de guerra, parte de um padrão sistemático de impunidade contra a imprensa.


Mesmo diante dessas evidências, Israel mantém o bloqueio à mídia, isolando Gaza da observação internacional. O apelo da FPA soma-se a uma série de manifestações globais. Em julho, grandes agências — AFP, AP, BBC e Reuters — divulgaram uma nota conjunta afirmando que


“a própria verdade é vítima quando a imprensa internacional é impedida de entrar em zonas de guerra”.

A ausência da mídia estrangeira é parte de uma estratégia maior de controle narrativo. Ao barrar o olhar externo, Israel garante o monopólio da versão oficial e transforma o massacre em abstração política. Sem imagens, sem vozes e sem repórteres, Gaza se torna um mito — e todo mito, quando imposto pelo poder, serve para esconder uma verdade inconveniente.



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