Relatora da ONU afirma que trégua foi insuficiente para conter a escalada de violência e o número crescente de vítimas civis em Gaza e na Cisjordânia
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- 23 de out.
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A relatora especial das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, afirmou nesta quarta-feira (23) que a recente trégua negociada entre Israel e o movimento de resistência islâmica palestina Hamas, com mediação dos Estados Unidos, foi insuficiente para conter a escalada de violência e o número crescente de vítimas civis em Gaza e na Cisjordânia.
Em comunicado publicado na rede social X (antigo Twitter), Albanese classificou a situação atual como uma “desvantagem total” para o povo palestino e acusou Israel de promover um projeto genocida, com o objetivo de “refundar do zero” as cidades destruídas desde o início da ofensiva militar em outubro de 2023.

Segundo a relatora, a continuidade dos ataques, o bloqueio humanitário e a destruição de infraestrutura civil violam as Convenções de Genebra e outros instrumentos fundamentais do direito internacional humanitário. Ela destacou que o conflito tem sido sustentado pelo apoio militar, diplomático e econômico de nações ocidentais, especialmente dos Estados Unidos, o que, em suas palavras, “enfraquece os mecanismos internacionais de justiça e responsabilidade”.
“Israel e os Estados Unidos estão causando o colapso do sistema multilateral, minando os esforços internacionais de paz e a aplicação do direito”, declarou Albanese em seu relatório preliminar.
A representante da ONU também instou os países com relações diplomáticas, militares ou comerciais com Israel a suspender esses vínculos, ressaltando que os Estados-membros das Nações Unidas têm a obrigação jurídica de não apoiar governos que pratiquem atos ilícitos ou crimes internacionais.
As declarações fazem parte das primeiras observações oficiais da relatora sobre a atual conjuntura no Oriente Médio e ocorrem em meio a novas denúncias de violações em Gaza, onde organizações humanitárias relatam escassez de alimentos, medicamentos e energia elétrica.
O governo israelense reagiu de forma contundente, rejeitando as acusações e classificando o relatório como “falso e antissemita”. Autoridades de Tel Aviv afirmaram que as críticas da ONU “ignoram os ataques terroristas cometidos por grupos palestinos” e que as operações militares visam à “autodefesa nacional”.
Os Estados Unidos, por sua vez, também desqualificaram as observações de Albanese. O governo de Donald Trump, que mantém firme apoio a Israel, sancionou a relatora em julho de 2025, alegando parcialidade em suas declarações sobre o conflito. Washington deve novamente considerar o novo relatório “indesejável e politizado”, segundo fontes diplomáticas citadas pela imprensa internacional.
As denúncias de Albanese coincidem com o processo movido pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, Holanda, no qual Israel é formalmente acusado de cometer genocídio contra a população palestina em Gaza. O caso, que segue em tramitação, representa uma das ações mais significativas já apresentadas contra o Estado israelense desde a criação da CIJ em 1945.
Analistas internacionais afirmam que o relatório da ONU reforça a pressão global por uma revisão das alianças políticas e militares no Oriente Médio e expõe o crescente isolamento diplomático de Israel diante das denúncias de violações de direitos humanos.



































































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