Tensões aumentam no Caribe: ofensiva militar dos EUA contra a Venezuela levanta temores de nova guerra regional
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A crescente tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela ganhou novos contornos após relatos de bombardeiros B-52 norte-americanos sobrevoando o espaço aéreo venezuelano e ataques letais realizados por forças dos EUA no Caribe. As ações, justificadas por Washington como parte da “guerra contra as drogas”, têm sido denunciadas por governos latino-americanos, entidades jurídicas e organizações de direitos humanos como atos de agressão e violações do direito internacional.
Segundo informações de observadores internacionais, pelo menos 27 pessoas foram mortas em operações navais conduzidas por forças norte-americanas nas últimas semanas. Em um dos ataques mais recentes, seis tripulantes de embarcações privadas foram executados sem julgamento. O governo dos EUA afirmou que as vítimas eram traficantes e “terroristas”, mas não apresentou provas que sustentem essas alegações.

A Ordem dos Advogados da Cidade de Nova York (NYCBA) classificou os ataques como “execuções sumárias ilegais” e alertou que tais ações ferem o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, que garante o direito à vida e ao devido processo legal.
“Esses ataques violam o princípio fundamental de que ninguém pode ser arbitrariamente privado de sua vida”, declarou a entidade em nota pública.
Além dos ataques navais, o sobrevoo de aeronaves militares norte-americanas sobre o território venezuelano foi interpretado por Caracas como uma provocação direta. Autoridades venezuelanas afirmam que o posicionamento de forças norte-americanas no Caribe reflete um plano de desestabilização que ameaça a soberania do país e busca justificar uma possível intervenção.
O embaixador da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, criticou duramente a ofensiva, acusando Washington de recorrer novamente à Doutrina Monroe — política expansionista que, historicamente, sustentou intervenções dos Estados Unidos na América Latina.
“O governo norte-americano acredita que o Caribe lhe pertence, uma visão colonialista que persiste há mais de um século”, afirmou Moncada.
O presidente Nicolás Maduro, por sua vez, apelou ao diálogo e reforçou que a Venezuela continuará defendendo sua soberania. “Nossa diplomacia não é a dos canhões. O mundo não pode retroceder cem anos”, declarou o líder venezuelano, ao anunciar exercícios militares preventivos para garantir a defesa do território nacional.
Líderes da região, como o presidente colombiano Gustavo Petro, também manifestaram preocupação com a escalada e condenaram o uso da força letal pelos Estados Unidos. Petro classificou as ações como “um retrocesso perigoso” e pediu que a América Latina se una em defesa da paz e da soberania dos povos.
Especialistas alertam que a atual ofensiva norte-americana lembra o período que antecedeu a invasão do Iraque em 2003, quando o governo dos EUA justificou a intervenção com alegações sobre “armas de destruição em massa”, nunca comprovadas. À época, a operação resultou em centenas de milhares de mortes e na desestabilização duradoura do Oriente Médio.

Analistas afirmam que, no caso da Venezuela, a retórica da “guerra às drogas” serve como novo pretexto para uma intervenção que teria motivações econômicas e políticas, incluindo o controle das maiores reservas de petróleo do mundo e o enfraquecimento da Revolução Bolivariana.
Enquanto o governo norte-americano endurece seu discurso e amplia suas operações militares no Caribe, a comunidade internacional pede contenção. Entidades como a ONU e a Organização dos Estados Americanos (OEA) ainda não emitiram comunicados oficiais, mas diplomatas alertam que qualquer escalada pode levar a um conflito de grandes proporções na região.
A situação permanece volátil, e observadores temem que a intensificação das tensões entre Washington e Caracas desencadeie uma nova crise geopolítica no hemisfério ocidental — uma que, mais uma vez, poderia ser motivada por interesses estratégicos e econômicos mascarados sob o discurso de segurança internacional.
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