Netanyahu cai enquanto extrema-extremíssima-direita-ultranacionalista-genocida cresce
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O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu vive um dos momentos mais críticos de sua "carreira política". Após o retorno dos últimos prisioneiros israelenses de Gaza, ele tenta reconstruir sua imagem como líder de guerra, apoiado publicamente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald J. Trump, enquanto enfrenta crescente descontentamento interno e disputas dentro de sua coalizão de extrema direita.

Durante discurso no Knesset, o presidente Donald Trump prestou homenagem a Benjamin Netanyahu, chamando-o de “heróico líder de guerra” e minimizando as acusações de corrupção que pesam sobre ele. A fala ocorreu no mesmo dia em que os últimos prisioneiros israelenses retornaram de Gaza, após uma campanha militar de dois anos que devastou o enclave palestino. Trump afirmou que “os sacrifícios de Netanyahu trouxeram segurança a Israel” e aproveitou o momento para reforçar laços políticos com o aliado em meio à aproximação das eleições israelenses, previstas para 2026.
Netanyahu, o primeiro-ministro mais longevo da história de Israel, tenta transformar o episódio em um divisor de águas político. Envolvido em um julgamento por corrupção e responsabilizado por falhas de segurança no ataque de 7 de outubro de 2023, ele tenta se reposicionar como um líder que “entregou resultados” — especialmente após a libertação dos reféns. Segundo analistas, o gesto de Trump funciona como um endosso estratégico, capaz de oferecer um impulso temporário à imagem de Netanyahu.
O cessar-fogo mediado por Washington, parte de um plano de “paz” em 20 pontos proposto por Trump, é visto como frágil e cercado de incertezas. Entre os pontos críticos está o desarmamento do Hamas e o futuro governo de Gaza, questões ainda sem solução concreta. Especialistas alertam que qualquer falha no cumprimento das fases do acordo pode levar à retomada do conflito e ampliar o desgaste político do governo israelense.
De acordo com Barbara Slavin, pesquisadora do Stimson Center, a primeira etapa do cessar-fogo “foi bem recebida internamente”, mas o apoio tende a ser volátil. O ex-embaixador dos Estados Unidos na Tunísia, Gordon Gray, afirmou que “a maioria dos israelenses credita a Trump, não a Netanyahu, pela libertação dos reféns”, o que limita o alcance do ganho político do premiê. Já o ex-diplomata italiano Marco Carnelos observou que o público israelense “não dá crédito a Netanyahu” e o considera responsável pelas falhas que levaram à captura dos prisioneiros em 2023.

Internamente, Netanyahu enfrenta forte resistência dentro de sua própria coalizão. Ministros de extrema direita, como Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças), condenaram o acordo que permitiu a libertação dos reféns, alegando que ele “compromete a segurança de Israel e encoraja o terrorismo”. Ambos ameaçam romper com o governo, o que poderia derrubar a coalizão que sustenta Netanyahu no poder.
Apesar das tensões, analistas indicam que os partidos ultranacionalistas podem preferir manter a aliança, temendo perder influência política antes das eleições. “Eles calculam que podem exercer mais pressão sobre Netanyahu ameaçando sair do governo, sem realmente fazê-lo”, explicou John Feffer, diretor do Foreign Policy In Focus. Pesquisas recentes apontam queda no apoio aos partidos Otzma Yehudit e Sionismo Religioso, o que pode enfraquecer ainda mais a base de Netanyahu.
Mesmo com o enfraquecimento político, o impacto duradouro de Netanyahu sobre a política israelense parece consolidado. Observadores internacionais afirmam que ele deslocou permanentemente o eixo político do país para a extrema direita. “Mesmo que perca as próximas eleições, o legado de Netanyahu continuará visível em uma sociedade que endossa a retórica de segurança e as políticas de guerra”, afirmou Feffer.

Segundo Carnelos, “Netanyahu pode cair, mas o Israel pós-Bibi não será muito diferente”. Sua influência ideológica, marcada pela expansão dos assentamentos na Cisjordânia e pela militarização das políticas de Estado, continua moldando o cenário político do país. Assim, mesmo diante de críticas internas e do desgaste internacional, Netanyahu segue tentando transformar o campo de batalha em palco de sobrevivência política — uma guerra que, desta vez, se trava dentro de Israel.


























































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