O antissemitismo mata palestinos! Entenda, de uma vez por todas, o verdadeiro significado de 'semita'
- Rafael Medeiros

- 2 de jun.
- 4 min de leitura
A palavra "antissemitismo" foi cunhada no século XIX para descrever o ódio contra judeus, mas sua raiz etimológica – "semita" – refere-se a um grupo linguístico e étnico muito mais amplo, que inclui árabes, assírios, arameus e outros povos originários do Crescente Fértil. No entanto, uma poderosa engenharia discursiva sionista, aliada aos interesses geopolíticos do Ocidente, reduziu o termo a uma narrativa unilateral: só é antissemita quem ataca judeus.
Enquanto isso, o semitismo palestino – sua ancestralidade cananeia, sua língua árabe (irmã do hebraico) e seu direito histórico à terra – é apagado. Palestinos são tratados como "invasores árabes", apesar de estudos genéticos e arqueológicos confirmarem sua profunda ligação com a região. Como observa o historiador Ilan Pappé, historiador, judeu e israelense crítico do sionismo:
"A negação da identidade indígena palestina é uma forma de antissemitismo, porque os palestinos são tão semitas quanto os judeus."

Após essa perda devastadora, Nabhan canalizou sua dor em ações humanitárias. Ele distribuiu alimentos, cuidou de crianças feridas e até alimentou gatos de rua, demonstrando compaixão mesmo em meio à destruição. Sua presença serena e solidária trouxe conforto a muitos em Gaza.
Em 16 de dezembro de 2024, Khaled Nabhan foi morto por um bombardeio israelense no campo de refugiados de Nuseirat, o mesmo local onde havia perdido seus netos. Sua morte foi amplamente lamentada, sendo lembrado como um símbolo de amor, resistência e humanidade diante da adversidade.
Este artigo busca expor essa distorção histórica, mostrando como o antissemitismo foi cooptado como ferramenta política para justificar a ocupação israelense e silenciar a resistência palestina.
1. A Origem do Termo: Semitismo é Mais que Judaísmo
O termo "semita" surge da classificação linguística do século XIX, referindo-se a povos que falam línguas semíticas (hebraico, árabe, aramaico etc.). Nenhuma definição acadêmica restringe "antissemitismo" apenas a judeus.
No entanto, organizações sionistas e governos ocidentais promoveram uma redefinição política do termo. Como denuncia o jornalista Breno Altman em "Contra o Sionismo":
"O sionismo instrumentaliza o antissemitismo para blindar Israel de críticas, transformando qualquer oposição à sua política em 'ódio aos judeus'."
Isso ficou claro em 2016, quando a IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto) aprovou uma definição que equipara antissemitismo a críticas a Israel – uma manobra condenada por acadêmicos como Norman Finkelstein, filho de sobreviventes do Holocausto:
"Essa definição é um golpe de propaganda para criminalizar a solidariedade aos palestinos."
2. O Apagamento do Semitismo Palestino
A. Ancestralidade Compartilhada
Estudos genéticos, como os do geneticista Eran Elhaik, mostram que:
- Palestinos têm forte ligação genética com os antigos cananeus e jebuseus, povos que habitavam a região antes dos reinos bíblicos.
- Muitos judeus ashkenazis têm DNA majoritariamente europeu, devido a conversões medievais (como demonstrado pelo historiador Shlomo Sand em "A Invenção do Povo Judeu").
Ou seja: a ideia de que palestinos são 'estrangeiros' na Palestina é um mito colonial.
B. A Palestina Antes do Sionismo
Antes da colonização sionista no século XX, judeus, muçulmanos e cristãos conviviam na Palestina Otomana. O rabino Yisrael Dov Ber, que viveu em Jerusalém no século XIX, escreveu:
"Os árabes [palestinos] são nossos irmãos, filhos de Shem [Sem], e esta terra é tão deles quanto nossa."
O sionismo, porém, criou a falsa dicotomia de "judeus vs. árabes", ignorando que palestinos são semitas nativos.
3. O Antissemitismo de Verdade: O que é, e o que Não é
O antissemitismo real existe e deve ser combatido – mas não pode ser um guarda-chuva para censurar críticas a Israel. Como explica a judia antissionista Marcia Pinsky:
"Chamar um palestino de 'terrorista' por defender sua terra é tão antissemita quanto chamar um judeu de 'avarento'. Ambos são estereótipos racistas contra povos semitas."
O que NÃO é antissemitismo:
- Criticar o governo de Israel.
- Defender os direitos palestinos.
- Questionar o sionismo como ideologia colonial.
O que É antissemitismo:
- Negar o Holocausto.
- Atacar judeus por sua religião ou etnia.
- Usar estereótipos como "judeus controlam o mundo".
4. Conclusão: Pelo Reconhecimento do Semitismo Palestino
A luta contra o antissemitismo deve incluir todos os povos semitas – incluindo os palestinos, vítimas de um projeto sionista que os desumaniza. Como escreveu o poeta palestino Mahmoud Darwish:
"Eu sou o semita da era moderna. Minha tragédia é que ainda preciso provar que existo."
É hora de quebrar o monopólio discursivo. Antissemitismo é ódio a judeus, mas também é ódio a palestinos. Ambos têm direito à memória, à terra e à justiça.
Referências:
- ALTMAN, Breno. Contra o Sionismo.
- SAND, Shlomo. A Invenção do Povo Judeu.
- PAPPE, Ilan. A Limpeza Étnica da Palestina.
- FINKELSTEIN, Norman. A Indústria do Holocausto.
- Estudos genéticos de Eran Elhaik (Universidade de Sheffield).


























































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