Quando uma sociedade apoia uma política de limpeza étnica, ela torna-se responsável por essa violência
- Mohammed Hadjab
- 30 de mai.
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Não se trata meramente de um governo específico, tampouco de alguns elementos extremistas ou de um simples desvio de conduta. Trata-se de uma sociedade profundamente afetada, corroída por uma ideologia colonial que legitima práticas como a deportação, o apartheid e uma lenta política de extermínio.
De acordo com uma pesquisa recente, 82% da população israelense manifesta apoio à expulsão da população palestina de Gaza. Não se trata de uma maioria silenciosa ou passiva, mas de uma maioria assumida e, portanto, cúmplice, que transforma o que configura um crime de guerra em uma escolha legitimada democraticamente.
Esse dado, por sua vez, não é isolado: os demais resultados da referida pesquisa revelam tendências igualmente preocupantes. O apoio popular a políticas que podem ser qualificadas como crimes contra a humanidade é expressivo e generalizado. Trata-se, assim, de um fato empiricamente constatável.
Diante desse quadro, impõe-se uma reflexão crítica sobre a inadequação do discurso simplificador que insiste em dissociar o povo do governo, sustentando que “não é o povo, é o governo”. Quando uma sociedade, em sua ampla maioria, participa, apoia e banaliza uma política de limpeza étnica em curso, ela não pode ser considerada neutra. Ao contrário: ela se torna corresponsável.
O problema, portanto, é de natureza sistêmica e está profundamente enraizado nas estruturas sociais, políticas e ideológicas.
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