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Um texto corajoso e necessário: Isabelle Lourenço desmonta o falso panafricanismo da AES

Atualizado: 24 de mai.

O texto de Isabelle Lourenço é um raro exercício de lucidez e coragem ao denunciar a farsa dos regimes da Aliança dos Estados do Sahel (AES), que se dizem anticolonialistas enquanto apenas trocam de patrono. Expulsar a França para abrir as portas ao grupo Wagner — expressão brutal do imperialismo russo — não é libertação, é submissão. Reprimir a oposição, proibir partidos, censurar a imprensa e instrumentalizar o combate ao terrorismo: nada disso tem a ver com soberania popular ou com um verdadeiro projeto panafricanista.



DEBEBE, Eskinder. Deslocados internos no campo de Roe, República Democrática do Congo. Bunia, República Democrática do Congo, 22 fev. 2022. Fotografia. Organização das Nações Unidas. Arquivo
DEBEBE, Eskinder. Deslocados internos no campo de Roe, República Democrática do Congo. Bunia, República Democrática do Congo, 22 fev. 2022. Fotografia. Organização das Nações Unidas. Arquivo


Cabe aqui destacar, por minha parte, a hipocrisia de atacar a Argélia — país que acolhe refugiados desses regimes, perdoou mais de 1,4 bilhão de dólares em dívidas de países africanos, enviou 400 mil vacinas ao Mali, e pratica uma solidariedade concreta. Ainda assim, é tratada como inimiga, enquanto esses mesmos governos estreitam laços com o Marrocos — o Estado mais alinhado ao Ocidente e às potências imperialistas do continente.


Também é minha a crítica a setores da esquerda brasileira e a certos movimentos "panafricanistas" que exaltam Ibrahim Traoré como um novo Sankara, apenas por ter o mesmo posto militar, idade e nacionalidade. Uma comparação vazia, feita por quem mal conhece o legado de Sankara.


O texto de Isabelle Lourenço é, acima de tudo, um alerta. O verdadeiro panafricanismo não pode ser construído sobre autoritarismo e alianças oportunistas. Ele exige compromisso ético, soberania real e solidariedade entre os povos — não discursos vazios.


Trata-se de um projeto sério, popular, solidário e profundamente ético. Num momento em que o discurso anticolonial é instrumentalizado para legitimar o inaceitável, Isabelle Lourenço devolve ao pensamento crítico o seu fio cortante — e à África a sua dignidade e complexidade.



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