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Abraham Serfaty: judeu marroquino, militante da justiça e do internacionalismo antissionista

Abraham Serfaty (1926–2010) foi uma das figuras mais emblemáticas do ativismo político e intelectual do Marrocos no século XX. Nascido em Casablanca, em uma família judia de origem sefardita, envolveu-se muito jovem nas lutas anticoloniais, integrando o Partido Comunista Marroquino ainda durante o período do protetorado francês. Formado como engenheiro de minas, Serfaty colocou sua competência técnica a serviço do desenvolvimento nacional, ao mesmo tempo em que denunciava as estruturas de dominação econômica e política herdadas do colonialismo.


Abraham Serfaty (1926–2010)
Abraham Serfaty (1926–2010)

Após a independência do Marrocos, seu engajamento político assumiu uma dimensão decisiva, marcada pela crítica aberta ao autoritarismo do rei Hassan II. Como cofundador do movimento Ila al-Amam, defendeu um socialismo democrático, o reconhecimento dos direitos humanos fundamentais e a solidariedade com as populações marginalizadas, especialmente os mineiros do Alto Atlas. Em 1974, foi preso e condenado à prisão perpétua por “conspiração contra a segurança do Estado”, permanecendo dezessete anos encarcerado, o que o transformou em um símbolo da resistência política e intelectual marroquina.


Judeu marroquino que reivindicava plenamente sua identidade nacional, Abraham Serfaty desenvolveu um pensamento profundamente antissionista. Ele diferenciava claramente o judaísmo — entendido como uma tradição espiritual e cultural universal — do sionismo, que via como uma ideologia nacionalista e colonial.


Para Serfaty, o Estado de Israel representava um projeto de opressão contra o povo palestino, incompatível com os ideais de emancipação e internacionalismo que orientavam seu marxismo. Seu antissionismo não se baseava em rejeição identitária, mas em uma visão humanista e descolonial de solidariedade entre os povos.


Exilado após sua libertação em 1991 e posteriormente reabilitado em 1999, já sob o reinado de Mohammed VI, Serfaty manteve até sua morte, em 2010, uma reflexão sobre memória, justiça e soberania popular. Sua trajetória e sua obra testemunham um compromisso integral com a libertação humana e com a luta contra todas as formas de exploração.

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