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Antissionismo não é antissemitismo: desmistificando a propaganda “pentagonista”

Há uma linha tênue entre o que chamamos de história e o que se torna mitologia política. O sionismo, enquanto movimento colonial, não apenas ocupou terras palestinas - ocupou primeiro o imaginário ocidental, vendendo-se como redenção de um povo quando, na prática, tornou-se a condenação de outro. Essa não é uma discussão sobre religião ou etnia, mas sobre como estruturas de poder se perpetuam através da confusão calculada entre identidade e ideologia.


Quando um sobrevivente do Holocausto como Hajo Meyer afirma que "o sionismo fez aos palestinos o que os nazistas fizeram com os judeus", não estamos diante de uma equação moral, mas de um alerta histórico. A lição mais perversa que Israel aprendeu com seus próprios algozes foi justamente como um Estado pode instrumentalizar o trauma coletivo para justificar novas formas de violência.


A acusação recorrente de "antissemitismo" contra críticos de Israel não é um argumento - é um mecanismo de silenciamento. Funciona como um código de acesso: quem ousa questionar as políticas israelenses é imediatamente colocado do lado de fora do debate legítimo. Essa estratégia, porém, esconde uma ironia cruel. Ao transformar o judaísmo em escudo para o projeto sionista, seus defensores cometem o verdadeiro ato antissemita: reduzem uma tradição milenar complexa a mero instrumento geopolítico.


Os judeus antissionistas - dos Neturei Karta aos acadêmicos da Jewish Voice for Peace - entendem o perigo dessa equação falsa. Sua resistência prova que o antissionismo pode ser, na verdade, a forma mais autêntica de amor ao judaísmo: um amor que recusa ver sua espiritualidade transformada em justificativa para tanques.



Rabino do grupo Neturei Karta em protesto antissionista NY.
Rabino do grupo Neturei Karta em protesto antissionista NY.


Gaza hoje é o espelho que devolve ao Ocidente sua própria imagem distorcida. Cada criança morta por uma bomba "made in USA" é o retrato do que realmente importa nas alianças internacionais: não valores, não princípios, mas interesses. Quando a Europa chora pelo Holocausto enquanto financia o exército que repete crimes similares, ela não está exercendo memória - está praticando necropolítica.


A verdade inconveniente é esta: o antissionismo não é apenas uma posição política legítima, mas um imperativo ético para qualquer um que realmente acredite em justiça. Descolonizar a Palestina não é um ato de ódio - é um ato de reparação histórica. E nesse processo, talvez descubramos que libertar os palestinos seja também libertar o próprio judaísmo das garras do nacionalismo militarizado.


A pergunta que fica não é "por que criticam Israel?", mas "por que demoramos tanto para ouvir os judeus que já alertavam sobre isso?". Quando o rabino Weiss, do Neturei Karta, é agredido por carregar a bandeira palestina em protestos, fica claro: o sionismo não teme o antissemitismo - teme a solidariedade.


Este texto não é um ponto final.

É um convite para que você:

1. Reflita sobre como as palavras são armadas

2. Questione quem se beneficia dessa confusão

3. Escute as vozes judaicas dissidentes


"Nossa luta não é contra um povo, mas contra um sistema que corrompe até a memória do Holocausto"

- Marc Ellis, teólogo judeu


"Escrevo com tinta vermelha daqueles que já não podem sangrar"

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