As mentiras que Trump contou no Knesset
- www.jornalclandestino.org

- 14 de out.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou o acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas como um marco histórico, descrevendo-o como o início de uma “era de fé, esperança e de Deus” no Oriente Médio. O discurso ocorreu nesta segunda-feira, 13 de outubro, no parlamento israelense, o Knesset, no mesmo dia em que prisioneiros de ambos os lados foram libertados.
O acordo intermediado pelos EUA resultou na libertação de 20 prisioneiros israelenses e cerca de 1.900 sequestrados palestinos mantidos sem acusações formais. Após o pronunciamento, Trump seguiu para o Egito para assinar formalmente o acordo em uma cúpula internacional.

Segundo o plano de 20 pontos apresentado por Trump, uma força de estabilização internacional será implantada em Gaza, enquanto a administração diária da região passará do Hamas para um comitê palestino, supervisionado pelo “Conselho da Paz”, presidido pelo próprio Trump e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
Durante seu discurso, Trump fez diversas afirmações sobre outros conflitos e acordos de paz globais. Entre elas, afirmou ter “resolvido oito guerras em oito meses”. Especialistas apontam que este ponto é exagerado. Alguns cessar-fogos recentes, como os conflitos entre Israel e Irã, Índia e Paquistão, e Armênia e Azerbaijão, foram tratados parcialmente pelos EUA, mas não se trata de resolução total de guerras. Conflitos na República Democrática do Congo, Ruanda, Camboja e Tailândia continuaram com episódios de violência, apesar de acordos temporários.
O presidente também afirmou ter destruído instalações nucleares iranianas em operação chamada “Midnight Hammer”. No entanto, não há confirmação pública de que as instalações tenham sido totalmente obliteradas, e análises de mídia indicam que os danos foram significativos, mas incertos. Sobre o acordo nuclear com o Irã de 2015, Trump descreveu-o como um “desastre”, omitindo que o país cumpriu amplamente o pacto antes da retirada unilateral dos EUA em 2018, e que a Agência Internacional de Energia Atômica não identificou violações graves.
Trump criticou ainda seus antecessores democratas, Barack Obama e Joe Biden, afirmando que havia “ódio absoluto contra Israel” durante seus governos. Especialistas contestam a afirmação, lembrando que ambos supervisionaram pacotes significativos de ajuda militar e mantiveram coordenação estreita com Israel. Obama assinou em 2016 um memorando de US$ 38 bilhões para apoio militar, e o financiamento continuou sob Biden, incluindo envio de tropas para proteção de Israel e Gaza.
O presidente também minimizou os esforços prévios relacionados aos Acordos de Abraão, firmados em 2020, que estabeleceram relações diplomáticas entre Israel, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos. Analistas ressaltam que o governo Biden buscou expandir o acordo à Arábia Saudita, mas as negociações foram dificultadas pelo conflito de outubro de 2023.
Especialistas ressaltam que o acordo Israel-Hamas mediado por Trump é apenas o primeiro passo de um processo complexo, e a estabilidade futura depende da implementação das fases seguintes, cuja eficácia ainda é incerta.


























































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