Aumento da incerteza no emprego e as mudanças digitais contribuem para insegurança financeira global

O Relatório Social Mundial 2025, lançado na quinta-feira (24/04), revela uma preocupante falta de confiança no futuro, apesar dos avanços em áreas como longevidade, educação e conectividade. O estudo indica que muitos acreditam que a vida atualmente é mais difícil do que há 50 anos. Cerca de 60% das pessoas entrevistadas relataram estar "lutando", enquanto 12% se descreveram como "sofrendo", refletindo uma sensação generalizada de insegurança.

Insegurança Financeira em Ascensão

A instabilidade econômica, que antes afetava principalmente as regiões mais pobres, agora atinge até países de alta renda. O aumento da incerteza no emprego, o trabalho temporário e as mudanças digitais contribuem para uma crescente insegurança financeira. Embora os empregos temporários possam oferecer flexibilidade, eles frequentemente carecem de segurança e direitos, transformando os trabalhadores em prestadores de serviços no mercado de trabalho mercantilizado.

O relatório também destaca a crescente precariedade no emprego informal, especialmente em países de baixa e média renda, onde milhões de pessoas continuam a enfrentar baixos salários, instabilidade e a ausência de benefícios. Para mais de 2,8 bilhões de pessoas que vivem com menos de US$ 6,85 por dia, um pequeno choque econômico pode empurrá-las para a pobreza extrema, dificultando a superação desse ciclo.

Impacto das Mudanças Climáticas e Conflitos

A situação é ainda mais exacerbada pelos efeitos das mudanças climáticas e pelos conflitos, que minam as economias locais, aprofundando as desigualdades, especialmente nos países em desenvolvimento. O relatório aponta que esses desafios econômicos são acompanhados por uma crescente perda de confiança nas instituições e entre as pessoas.

A confiança pública nas instituições, como os governos, caiu drasticamente, com 57% da população mundial expressando baixos níveis de confiança. Entre os jovens, essa desconfiança é ainda mais acentuada, o que levanta preocupações sobre o desengajamento cívico e a instabilidade política a longo prazo. Além disso, menos de 30% das pessoas acreditam que os outros são confiáveis, o que enfraquece a coesão social e dificulta a ação coletiva.

O relatório também aponta que a proliferação de desinformação, facilitada pelas plataformas digitais, alimenta divisões e intensifica a desconfiança. As redes sociais contribuem para a criação de "câmaras de eco", onde os usuários são expostos a informações que reforçam suas crenças, muitas vezes radicalizando suas visões de mundo.

Urgência por Políticas Ousadas

Para reverter essas tendências, o relatório pede uma mudança radical na formulação de políticas, enfatizando a equidade, a segurança econômica e a solidariedade. O estudo sugere que os governos invistam mais em serviços públicos essenciais como educação, saúde, moradia e proteção social, argumentando que esses investimentos são fundamentais para promover resiliência e crescimento inclusivo.

Além disso, é necessário reconstruir a confiança por meio de instituições mais inclusivas e responsáveis, além de reduzir a concentração de poder e riqueza nas camadas mais altas da sociedade.

Com a aproximação da Segunda Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social, que ocorrerá em Doha em novembro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou a importância da liderança global para promover mudanças transformadoras. Guterres destacou que os desafios globais exigem soluções coletivas e que, mais do que nunca, é crucial fortalecer a unidade global para construir um mundo mais justo, seguro e resiliente para todos.