Bukele "o ditador cool" consolida poder em El Salvador e tem caminho livre para buscar a reeleição indefinida
- www.jornalclandestino.org
- 4 de ago.
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O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, voltou a demonstrar que não se incomoda em ser chamado de “ditador”. Dono de uma das maiores popularidades da América Latina, impulsionada pela sua política de "guerra às gangues", o líder salvadorenho agora tem caminho livre para buscar a reeleição indefinida, após a aprovação no Congresso, por 57 dos 60 deputados.
A decisão era aguardada por seus aliados, mas acendeu novos alertas entre críticos que denunciam a consolidação de um regime autocrático no país centro-americano.

Bukele, de 44 anos, publicitário de formação, governa desde 2019 e foi reeleito em 2024 com 85% dos votos. Apesar da imagem “cool” cultivada nas redes sociais — onde chegou a se autodenominar “ditador cool” e “philosopher king” —, o presidente tem endurecido o tom nos últimos anos.
Em março de 2022, instaurou um regime de exceção que levou à prisão de cerca de 88 mil pessoas, medida que reduziu drasticamente os índices de homicídio, mas que, segundo organizações de direitos humanos, resultou em milhares de detenções arbitrárias, casos de tortura e mortes em cárceres. Em seu segundo mandato, Bukele também foi acusado de perseguir opositores, jornalistas e ativistas, muitos dos quais deixaram o país.

“Não me importo que me chamem de ditador”, afirmou em discurso no dia 1º de junho, durante a celebração de um ano de seu segundo mandato.
Apesar das denúncias de abusos e acusações de corrupção, a popularidade de Bukele transcende fronteiras. Em outros países da região, setores da população de extrema-direita clamam por um “líder como Bukele” para conter a violência. Especialistas, contudo, afirmam que sua ascensão se apoia em um fenômeno de culto político e em uma poderosa máquina de comunicação digital.
Filho de Armando Bukele, empresário de origem palestina, e de Olga Ortez, Nayib nasceu em 24 de julho de 1981, em San Salvador. Iniciou a carreira política como prefeito, primeiro em Nuevo Cuscatlán (2012) e depois na capital (2015–2018), pelo partido de esquerda FMLN, do qual foi expulso em 2017. Desde então, construiu uma trajetória independente, apresentando-se como alternativa aos partidos tradicionais que dominaram a política salvadorenha após a guerra civil (1980–1992).