Cardeal africano conservador é aposta da direita católica para sucessão de Francisco

O cardeal guineano Robert Sarah, de 79 anos, está entre os nomes mais cotados pelos setores conservadores da Igreja Católica para suceder o papa Francisco em um futuro conclave. Caso venha a ser escolhido, Sarah poderá se tornar o primeiro pontífice africano – e negro – da história da Igreja, algo que significaria uma guinada simbólica e política no Vaticano.

Cardeal Robert Sarah

Reconhecido por seu posicionamento alinhado à ortodoxia católica e por críticas abertas às reformas progressistas do atual pontificado, Sarah foi elevado ao cardinalato em 2010 pelo papa Bento XVI. Desde então, consolidou-se como figura de destaque entre os críticos de Francisco, sobretudo por sua defesa ferrenha da doutrina tradicional.

Em 2023, Sarah condenou publicamente a decisão de Francisco que permitiu a bênção de casais do mesmo sexo – desde que desvinculada do sacramento do matrimônio. “A verdadeira liberdade que devemos oferecer às pessoas em uniões homossexuais está na fidelidade à palavra de Deus”, afirmou, declarando que tais uniões equivaleriam a uma “prisão do pecado”.

Nascido em 1945 no vilarejo de Ourous, na Guiné, Sarah seguiu uma trajetória marcada por deslocamentos, estudos religiosos e superações. Formou-se em teologia em Roma e aprofundou seus estudos bíblicos em Jerusalém. Após retornar ao seu país, exerceu papéis fundamentais em diversas paróquias antes de ser nomeado, aos 34 anos, arcebispo de Conacri por João Paulo II – que o apelidou de “bispo bebê”, à época o mais jovem do mundo.

Com sólida experiência na Cúria Romana, Sarah ocupou cargos relevantes, como secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos e presidente do extinto Pontifício Conselho Cor Unum. De 2014 a 2021, esteve à frente da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, um dos departamentos mais sensíveis do Vaticano, responsável pela liturgia.

Presente no conclave que elegeu Francisco em 2013, o cardeal africano volta agora ao centro das especulações como um potencial herdeiro de São Pedro, representando uma possível inflexão conservadora na liderança da Igreja Católica.