Chipre sob pressão: influxo de israelenses acende alerta sobre futuro da ilha
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O aumento de investimentos e migração de cidadãos israelenses para Chipre desperta preocupações sobre mudanças demográficas e influência estratégica. Larnaca, em especial, registra a formação de enclaves exclusivos, enquanto especialistas apontam o papel da ilha como ponto de apoio geopolítico para Israel no Mediterrâneo Oriental, em um cenário marcado por rivalidades regionais e tensões históricas.

Nos últimos anos, cidadãos e empresas israelenses ampliaram a aquisição de imóveis em Chipre, sobretudo na costa sul da República Cipriota Grega, internacionalmente reconhecida. Embora a proporção ainda seja modesta, o ritmo das compras e a criação de infraestruturas próprias – escolas, sinagogas e centros comerciais kosher – têm chamado atenção de autoridades e especialistas.
Contexto histórico e estratégico da ilha
Chipre, terceira maior ilha do Mediterrâneo, permanece dividida desde 1974, com o norte controlado pela não reconhecida República Turca do Norte de Chipre e o sul habitado por cerca de 1,3 milhão de pessoas. A localização geográfica da ilha, próximo à costa israelense, à Turquia e ao Levante, a torna estratégica para rotas marítimas, energia e inteligência regional.
Pesquisadores observam semelhanças entre a situação atual de Larnaca e a transformação histórica de Haifa no início do século XX, quando colonos "israelenses" se tornaram maioria na cidade portuária palestina após a criação do Estado de Israel. Alguns analistas alertam que enclaves israelenses em Chipre poderiam reproduzir padrões de segregação econômica e influência política.
A comunidade judaica local, que contava com poucas centenas de membros há duas décadas, cresceu para cerca de 15 mil pessoas, com destaque para a atuação do movimento Chabad, que mantém seis sinagogas e escolas na ilha. O fortalecimento dessas instituições coincide com o aumento de investidores e migrantes israelenses, alguns motivados por crises internas em Israel, como instabilidade judicial e conflitos regionais.
Interesses estratégicos e militares
Especialistas apontam que Israel utiliza Chipre para inteligência e logística operacional no Levante. Alegadamente, a ilha serve como base para monitoramento regional, transferência de tecnologia de vigilância e coordenação de operações marítimas, inclusive em relação a Irã e Hezbollah. A cooperação inclui o treinamento de pessoal de segurança local e presença em aeroportos estratégicos, segundo fontes regionais.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu tem promovido pessoalmente o fortalecimento dos laços com Nicósia, incluindo visitas oficiais e acordos bilaterais. A cooperação econômica e diplomática visa integrar Chipre à estratégia israelense no Mediterrâneo Oriental, consolidando a ilha como "porta de entrada" para ações políticas, militares e energéticas.
Autoridades e políticos cipriotas expressam preocupação com a formação de enclaves exclusivos, aumento da influência estrangeira e possíveis mudanças demográficas. Observadores alertam que a dependência crescente de investimentos israelenses pode transformar Chipre em uma extensão estratégica de Israel, afetando sua soberania e estabilidade regional.




























































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