Cortes de financiamento põem em risco um terço dos programas globais de combate à violência contra mulheres
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Um novo relatório da ONU Mulheres, intitulado Em risco e subfinanciado, revela que cortes no financiamento estão desmantelando programas essenciais no combate à violência de gênero em todo o mundo. A pesquisa global entrevistou 428 grupos de direitos das mulheres e organizações da sociedade civil e identificou que cerca de 33% suspenderam ou encerraram iniciativas voltadas a proteger mulheres e meninas.
Mais de 40% das organizações relataram redução ou fechamento de serviços essenciais, incluindo abrigos, atendimento jurídico, suporte psicossocial e assistência médica. Entre os grupos pesquisados, quase 80% apontaram que o acesso das sobreviventes a serviços críticos foi significativamente limitado, enquanto 59% perceberam aumento da impunidade e da normalização da violência contra mulheres.

Kalliopi Mingeirou, chefe da seção Acabar com a Violência Contra Mulheres e Meninas da ONU Mulheres, destacou a gravidade da situação:
“As organizações de direitos das mulheres são a espinha dorsal do progresso contra a violência, mas estão sendo levadas ao limite. Sem investimento contínuo, décadas de conquistas podem ser perdidas, e a violência contra mulheres e meninas tende a crescer.”
Segundo dados da agência, cerca de 736 milhões de mulheres — quase uma em cada três — sofreram violência física ou sexual, na maioria das vezes perpetrada por parceiros íntimos. O relatório enfatiza que muitas organizações lideradas por mulheres em áreas de crise já estavam à beira do colapso, um cenário agora agravado pelo corte de recursos.
O prognóstico apresentado pelo estudo é preocupante: apenas 5% das organizações afirmaram ter capacidade para manter operações por mais de dois anos, enquanto 85% preveem retrocessos significativos em leis e proteções para mulheres e meninas. Mais da metade também demonstrou preocupação com ameaças crescentes a defensoras de direitos humanos.
O documento aponta que a escassez de financiamento ocorre em paralelo a uma reação global contra os direitos das mulheres, evidente em um quarto dos países pesquisados. À medida que os recursos diminuem, muitas organizações são obrigadas a priorizar serviços emergenciais em detrimento de estratégias de longo prazo que promovem mudanças sistêmicas.
O relatório Em risco e subfinanciado coincide com os 30 anos da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, marco histórico para a igualdade de gênero que colocou o fim da violência contra mulheres no centro das políticas internacionais. A ONU Mulheres reforça a necessidade urgente de governos e doadores protegerem, ampliarem e flexibilizarem o financiamento para evitar retrocessos e garantir a continuidade dos serviços vitais.




























































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